Parêntese | Tradução

Luciano Dutra: A vela de sebo — o primeiro conto de Hans Christian Andersen?

Change Size Text
Luciano Dutra: A vela de sebo — o primeiro conto de Hans Christian Andersen? “A vela de sebo” é o título de um conto de Hans Christian Andersen cujo manuscrito foi descoberto no gabinete de leitura do Arquivo Nacional da Dinamarca, em Odense, no outono (hemisfério norte) de 2012. É considerado pelos especialistas com o primeiro conto da lavra do escritor dinamarquês, fato que torna esse manuscrito tão especial. O responsável por essa descoberta espetacular foi o genealogista Esben Brage, que, enquanto compulsava o arquivo da família Plum (uma conhecida dinastia eclesiástica daquele país escandinavo), encontrou uma transcrição manuscrita do conto no qual consta a dedicatória “A Madame Bunkeflod” e a seguinte anotação posterior: “A P. Plum de seu amigo Bunkeflod”. Em sua infância, Hans Christian Andersen costumava visitar madame Bunkeflod, viúva de um pastor, que vivia num abrigo beneficente que ficava próximo à casa da família do futuro escritor. O convívio com a viúva foi decisivo para que jovem Andersen decidisse se tornar um escritor e se sentisse confiante de que era capaz de fazê-lo. A madame Bunkeflod tinha um filho, Hans, que mais tarde foi preceptor na Igreja da Trindade em Copenhague. Hans é provavelmente o “amigo Bunkeflod” que presenteou P. Plum com a transcrição desse conto juvenil de Andersen. Essa ligação com a família Bunkeflod e a análise do tema, da forma e do estilo do conto levaram Ejnar Stig Askgård, especialista na obra de Andersen, a concluir: “Na minha avaliação, trata-se aqui da transcrição de um dos primeiros contos de H.C. Andersen. Trata-se de uma obra da sua juventude, e se apresenta de fato como a estreia de Andersen como escritor. Portanto, o manuscrito de ‘A vela de sebo’ pode ser considerado o primeiro conto da lavra de H.C. Andersen”. Hans Christian Andersen (nascido em Odense em 2 de abril de 1805, falecido em Copenhague em 4 de agosto de 1875) publicou em vida um total de 156 contos. Outros 56 contos, gênero que representa a marca registrada do autor, foram publicados postumamente. Portanto, “A vela de sebo”, descoberto em 2012, é o conto póstumo de número 57 entre os póstumos e o de número 213 dos contos completos de Andersen, que é o escritor mais publicado da literatura universal — ao que tudo indica, apenas a Bíblia foi traduzida para mais idiomas! Para quem tiver curiosidade, o manuscrito pode ser visualizado (em alta resolução) aqui. A vela de sebo A Madame Bunkeflod, do seu devotado H.C. AndersenO fogo ardia, chiava e estalava debaixo do cadinho, o cadinho que era o berço da vela de sebo, do qual ela saiu perfeitamente formada, inteira, branca, brilhante e esbelta, de uma forma que fazia com que todos que a viam achassem que ela representava promessas de um futuro luminoso e radiante, promessas nas quais todos acreditavam que ela persistiria até cumpri-las.A ovelha — uma ovelhinha bem bonitinha — era a mãe da vela de sebo e o cadinho era o seu pai. Da mãe, ela herdou o seu corpo branco deslumbrante e alguma ideia sobre a vida. Já do pai, ela herdou a ânsia pelo fogo flamejante que em algum momento iria percorrer a sua medula e os seus ossos, fazendo-a brilhar vida afora.Foi assim que ela foi criada e moldada para a […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

“A vela de sebo” é o título de um conto de Hans Christian Andersen cujo manuscrito foi descoberto no gabinete de leitura do Arquivo Nacional da Dinamarca, em Odense, no outono (hemisfério norte) de 2012. É considerado pelos especialistas com o primeiro conto da lavra do escritor dinamarquês, fato que torna esse manuscrito tão especial. O responsável por essa descoberta espetacular foi o genealogista Esben Brage, que, enquanto compulsava o arquivo da família Plum (uma conhecida dinastia eclesiástica daquele país escandinavo), encontrou uma transcrição manuscrita do conto no qual consta a dedicatória “A Madame Bunkeflod” e a seguinte anotação posterior: “A P. Plum de seu amigo Bunkeflod”. Em sua infância, Hans Christian Andersen costumava visitar madame Bunkeflod, viúva de um pastor, que vivia num abrigo beneficente que ficava próximo à casa da família do futuro escritor. O convívio com a viúva foi decisivo para que jovem Andersen decidisse se tornar um escritor e se sentisse confiante de que era capaz de fazê-lo. A madame Bunkeflod tinha um filho, Hans, que mais tarde foi preceptor na Igreja da Trindade em Copenhague. Hans é provavelmente o “amigo Bunkeflod” que presenteou P. Plum com a transcrição desse conto juvenil de Andersen. Essa ligação com a família Bunkeflod e a análise do tema, da forma e do estilo do conto levaram Ejnar Stig Askgård, especialista na obra de Andersen, a concluir: “Na minha avaliação, trata-se aqui da transcrição de um dos primeiros contos de H.C. Andersen. Trata-se de uma obra da sua juventude, e se apresenta de fato como a estreia de Andersen como escritor. Portanto, o manuscrito de ‘A vela de sebo’ pode ser considerado o primeiro conto da lavra de H.C. Andersen”. Hans Christian Andersen (nascido em Odense em 2 de abril de 1805, falecido em Copenhague em 4 de agosto de 1875) publicou em vida um total de 156 contos. Outros 56 contos, gênero que representa a marca registrada do autor, foram publicados postumamente. Portanto, “A vela de sebo”, descoberto em 2012, é o conto póstumo de número 57 entre os póstumos e o de número 213 dos contos completos de Andersen, que é o escritor mais publicado da literatura universal — ao que tudo indica, apenas a Bíblia foi traduzida para mais idiomas! Para quem tiver curiosidade, o manuscrito pode ser visualizado (em alta resolução) aqui. A vela de sebo A Madame Bunkeflod, do seu devotado H.C. AndersenO fogo ardia, chiava e estalava debaixo do cadinho, o cadinho que era o berço da vela de sebo, do qual ela saiu perfeitamente formada, inteira, branca, brilhante e esbelta, de uma forma que fazia com que todos que a viam achassem que ela representava promessas de um futuro luminoso e radiante, promessas nas quais todos acreditavam que ela persistiria até cumpri-las.A ovelha — uma ovelhinha bem bonitinha — era a mãe da vela de sebo e o cadinho era o seu pai. Da mãe, ela herdou o seu corpo branco deslumbrante e alguma ideia sobre a vida. Já do pai, ela herdou a ânsia pelo fogo flamejante que em algum momento iria percorrer a sua medula e os seus ossos, fazendo-a brilhar vida afora.Foi assim que ela foi criada e moldada para a […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.