1780-1800: A Praça da Matriz e seus equipamentos urbanos: história
PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES
Seja pelas características do terreno, seja por preocupações defensivas (1772 era um ano de fortes conflitos com os espanhóis), o povoado foi planejado no esquema cidade alta-cidade baixa. No alto da acrópole a praça principal, com os principais prédios dos poderes civis (Palácio do Governo), eclesiásticos (Igreja da Matriz) e tributários (Casa da Junta). A praça, em si, foi pensada no esquema das praças renascentistas, abertas e sem a presença de árvores, bancos e jardins, de forma que os desfiles, procissões e eventuais concentrações de pessoas pudessem ocorrer mais livremente.
A praça dos primeiros tempos: representações
Das imagens “diretas” destes primeiros tempos só temos algumas representações posteriores, como é o caso de uma aquarela, por alguns atribuída a Gert Petersen, de 1860, do acervo do Museu Joaquim Felizardo, de Porto Alegre, e que Leandro Telles (pela análise iconográfica) e Hélio Rodrigues Alves apresentam como uma cópia de uma outra representação, de autor desconhecido, feita por volta de 1820 (Fig. 1). Uma outra é a pintura de José de Francesco (1895-1967), um distribuidor de filmes que também imprimia revistas de divulgação e cartazes de filmes. Nas horas vagas pintava. Numa dessas “pinturas de domingo” reproduziu, em 1957, uma imagem de 1800, com uma saborosa descrição de um desfile militar e, no primeiro plano, as quitandeiras da praça. (Fig. 2)
Arnoldo Doberstein é professor e pesquisador de História Antiga, História da Arte e Cultura Artística.