Memória

1872-1873: A fundação da Carris e os primeiros bondes para o arraial do Menino Deus

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1872-1873: A fundação da Carris e os primeiros bondes para o arraial do Menino Deus

No mesmo ano de 1872, do primeiro Recenseamento da População do Império do Brasil, o decreto imperial de 19/06/1872 criou a Companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense com fundos luso-rio-grandenses e cariocas. A população porto-alegrense apontada pelo censo foi de 34.183 habitantes. A maior concentração urbana de um Estado que, na ocasião, contava com 434.813 pessoas. Depois vinha São Leopoldo com 30.860 habitantes. Ou seja, a capital já perfazia cerca de 8% da população estadual e, junto com São Leopoldo, cerca de 15% da mesma. Anteriormente ao censo só havia estimativas, tiradas de relatórios de ouvidores e demais autoridades eclesiásticas e administrativas. Tais estimativas apontaram para Porto Alegre, em 1858, 18.465 habitantes. Estes dados autorizam duas conclusões: em 15 anos (1858-1873) a população porto-alegrense mais do que dobrou, e tal aumento esteve diretamente relacionado com a imigração alemã.

Os efeitos deste aumento populacional refletiram-se no centro da cidade. Especialmente no Largo do Paraíso, onde ficavam o novo Mercado Público, inaugurado em 1869, e as casas dos comerciantes (a maioria de origem lusa), com o piso superior servindo de residências, e os negócios funcionando na parte térrea.  Além da algazarra somava-se o problema do lixo, mal cheiroso e acumulado no local. Aos poucos, estes comerciantes, aparentados aos proprietários rurais de origem lusa estabelecidos no interior rural do município e arredores, trataram de se livrar dos incômodos. Passaram a comprar seus terrenos-chácaras (o atavismo agro-pastoril) e erguer seus sobrados no arraial do Menino Deus. Mas tinha o problema da locomoção.

Para este último, em 1865 houve uma experiência inicial mal sucedida. Uma linha de bondes tracionados por mulas que deslizava sobre trilhos de madeira, assentados em leitos não bem sedimentados.  Indevidamente chamados de maxambomba, pois estes eram puxadas por máquinas a vapor (daí a corruptela de machine pump). Geringonças pesadas, barulhentas e desconfortáveis, que só faziam descarrilar e dar trabalho aos seus condutores e prejuízos ao seu contratante, o empreendedor de sobrenome luso Estácio de Bitencourt. Até que, em 04/01/1873, inaugurou-se o primeiro ramal da Carris, que iniciava na Praça da Independência (hoje Praça Argentina), passava pelas atuais João Pessoa, Azenha, Botafogo e Getúlio Vargas, até chegar na Igreja do Menino Deus. Daí para a frente outros ramais foram sendo criados, seguindo a lógica da expansão urbana e de outras tecnologias (como a eletricidade, em 1908). Para se incorporar, com seus barulhos, desconfortos e democrática utilização, no imaginário afetivo da cidade. Sua desativação, em 1970, deixou saudades.

[Continua...]

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