1873: As sociedades no carnaval de rua porto-alegrense
1873: As sociedades Venezianos e Esmeralda (1873) e a Germânia (a partir de 1879) no carnaval de rua porto-alegrense
Na década de 1870, Porto Alegre conheceu uma mudança substancial no seu carnaval de rua, até então acompanhado do jogo do entrudo, uma tradição açoriana das reuniões dançantes, desfiles de fantasiados e cantorias. Ao lado formavam-se bandos de galhofeiros que se divertiam jogando nos foliões limões de cheiro, laranjas podres, bolas de cera com farinha e muitos baldes de água. Também havia a comilança na base de frituras (por isso dizia-se sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda). Assim cruzou os mares e chegou a Porto Alegre. Com algumas mudanças. Entre elas comer carne gorda, já que depois do carnaval vinha o jejum da quaresma que antecede a Páscoa, da qual depende a data do carnaval (e não o contrário, como normalmente se pensa). Assim como na origem, em média agradando mais aos plebeus do que aos que se julgavam fidalgos. E, como tal, sempre na mira das autoridades.
Aproveitando um surto de cólera, em 1856, as autoridades daqui proibiram o entrudo. Passou alguns anos no esquecimento mas, no início dos anos 1870, ressurgiu com toda a força. Acompanhado, sempre, de persistentes ataques da imprensa, visto como um “vergonhoso jogo que tanto nos vexa e é indigno de uma sociedade civilizada como a nossa”. (Damasceno, Athos. O carnaval porto-alegrense no séc. XIX. Porto Alegre, Globo, 1971, p. 14-15). Foi neste contexto que, em 1873, surgiram as sociedades carnavalescas Venezianos e a Esmeralda Porto-alegrense. Saudadas pelos jornais de época como formadas pela “nata dos moços da nossa sociedade, a boa gente da terra” (Damasceno, Athos. Op. cit. p. 32).
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