1895: A fundação da União Velocipédica de Amadores
PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES
1895: A fundação da União Velocipédica de Amadores – História
Entre as importantes contribuições dos alemães e seus descendentes para Porto Alegre esteve a prática do remo, com a criação do Ruder Club Porto Alegre, em 1888, e o Ruder Verein Germânia, de 1892. Assim como do ciclismo. Em seu ilustradíssimo e quase definitivo “O ciclismo em Porto Alegre”, Ronaldo Marcos Bastos informa que, depois de algumas importações isoladas, por volta de 1895 “calcula-se que já teríamos mais de 50 bicicletas andando nas ruas de Porto de Porto Alegre”.
Foi quando, em 10 de março, fundou-se a União Velocipédica de Amadores, já com sobrenomes lusos na diretoria (Pedro Porto, Jonathas R. Monteiro, João Rosa e Carlos Alves). Com atividades “ainda recreativas, não tendo nenhum caráter competitivo”.
Com a criação do Radfahrer Verein Blitz, em 1896, com associados exclusivamente de ascendência germânica, começaram os desafios e rivalidades. (Ah! Essa Porto Alegre de venezianos e esmeraldinos, maragatos e chimangos, gremistas e colorados!) Vieram então os velódromos. O da União Velocipédica, “num terreno na área ao lado do Prado Independência”, inaugurado em 1898, seguido pela Radfahrer, no mesmo ano, com seu velódromo na Voluntários da Pátria (Cfe. Bastos, op. cit.). Com o tempo o velódromo da União Velocipédica, em 1899, foi substituído por um outro, mais espaçoso e aparatoso (Fig. 1), localizado no Campo da Várzea (onde hoje está a Rádio Universidade).
Segundo Bastos, o ciclismo em Porto Alegre teve seu auge entre 1895-1903, e seu declínio pode ser relacionado, não com a difusão do automóvel (como sustentam muitos), mas com o surgimento do futebol. Apresenta como argumento que o Fussball Club Porto Alegre foi fundado em 1903, por sócios da Radfaharer Verein Blitz.
Os porto-alegrenses e o ciclismo – Representações
Mesmo depois de ter saído da moda, enquanto esporte de competição, as bicicletas continuaram presentes no lazer e na locomoção dos porto-alegrenses. E no imaginário dos artistas, em diferentes maneiras. Como ilustração de um singelo meio de transporte, na têmpera sempre correta de Ernst Zeuner (Zwickau/Alemanha, 1898 – Porto Alegre, 1967). Como acompanhante romântica, numa magnífica aquarela (Fig. 3) de Elizabeth Laky Gatti (P. Alegre, 1952 – Em atividade), onde aparece atirada ao chão, num interregno de descanso dos jovens descolados que dela fazem uso. Como metáfora do lúdico circense que reside em nós (Fig. 4), numa xilogravura desta fortaleza lírica chamada Zorávia Bettiol (Porto Alegre, 1935 – Em atividade). Ou como representação de alguma transcendência existencial (Fig. 5) numa série inteira do atormentado genial que foi Iberê Camargo (Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994).
Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.