Memória

1903: A chegada do futebol em Porto Alegre

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1903: A chegada do futebol em Porto Alegre

PORTO ALEGRE 250 ANOS:  HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES

1903: A chegada do futebol em Porto Alegre – História

Entre as grandes e entre si relacionadas transformações econômicas, políticas e populacionais, assim como dos avanços nas áreas da educação, cultura e recreação, a que a cidade de Porto Alegre assistiu, na primeira década do séc. XX, esteve o surgimento do futebol. 

Em 15 de setembro de 1903, uma semana depois de assistirem uma exibição dos players do Sport Club Rio Grande (fundado em 1900), um grupo de rapazes, a maioria com sobrenomes germânicos na assinatura,  fundaram o Gremio Foot-Ball Porto Alegrense. Era o esporte bretão chegando em Porto Alegre, depois de ter iniciado sua prática em Rio Grande, Uruguaiana e Livramento, cidades mais próximas da fronteira com o Uruguai e Argentina. Foi chamado de esporte bretão porque pensava-se que os ingleses, que inventaram suas regras, também tinham sido inventores. Um equívoco histórico.

Por razões que ainda cabe serem acrescentadas às explicações antropológicas, sociológicas e sócio-econômicas já formuladas, o esporte logo propagou-se das elites para o conjunto da população. Como decorrência desta popularização do futebol houve a fundação de outros dois clubes da cidade. O Fuss-Ball Clube Porto Alegre, que existiu até meados dos anos 1940, e o Sport Clube Internacional, fundado em 4 de abril de 1909. Este último para constituir uma rivalidade que, para o bem e para o mal, foi se constituindo ao longo do tempo como um dos índices mais identificadores das grandezas e baixarias que nosso apregoado caráter sul-riograndense é capaz de produzir.


1903: A chegada do futebol em Porto Alegre – Representações

Ao longo do tempo e com variações de nuances, a charge tem sido o habitat artístico por excelência do futebol e de seus protagonistas.  Nos seus primórdios, quando o debate era sobre seus benefícios e malefícios, a ênfase chargista flertou com as teses de que a violência e seus danos à saúde eram predominantes. Assim procedeu o ilustrador d’Assis numa das capas da revista A Máscara (Fig. 1). Mas sem chegar aos paroxismos de um Lima Barreto e sua eterna implicância com o que ele chamava de “Liga Metropolitana dos Trancos e Pontapés”.  Orzolino Martins, o Mero, com sua aguda sutileza de sempre, ao mesmo tempo que alertou para as lesões, acenou também com os remédios (Fig. 2). Os negócios já então se aproveitando do futebol.  Giuseppe Gaudenzi, o Giga, foi dos primeiros a captar o tamanho da rivalidade e provocações com os vizinhos do Prata (Fig. 3).

Com o passar do tempo a ênfase se deslocou para a idolatria aos grandes jogadores e times. Como fez Xico Stockinger (Traun, Austria, 1919 – P. Alegre, 2009) com o Inter do Rolo Compressor, Campeão de 1955 (Fig. 4), e Edgar Vasques (Porto Alegre, 1949 – Em atividade), com o Grêmio de Todos os Tempos (Fig. 5).


Fig. 1 – O futebol. D’Assis, 1919. A Máscara, ano II, n.XII, 26.12.1919, capa. Tirada de: BN Digital, Rio de Janeiro RJ.

Fig. 2 – Reclame da Pomada Miraculina. Orsolino Martins, Mero, 1910. Revista Kodak, ano II,  n. 18,  15.12.1913, p. 23. Acervo Miguel Espírito Santo, Porto Alegre , RS.

Fig. 3 – Rivalidades & Provocações. Giuseppe Gaudenzi, Giga, 1913. Revista Kodak, ano I, n. 12, 14.12.1912, p. 19. Acervo Miguel Espírito Santo, Porto Alegre, RS.


Fig. 4 – Internacional, Campeão de 55. Xico Stockinger, 1955. A Hora, 27.11.1955. Tirado de: ALVES, José Francisco. Stockinger, vida e obra. Porto Alegre, Multiarte, 2012, p. 106.

Fig. 5 – Grêmio de todos os tempos. Edgar Vasques, 2000. Aquarela e grafite,  21 x 30 cm. Tirado de: GASTAL, Susana (Org.) e outros. Edgar Vasques: o artista crônico. Porto Alegre: Edição Gastal & Gastal, 2013, p. 132.

Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.

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