O mundo amanheceu sem cores: Pelópidas Thebano
O artista visual negro Pelópidas Thebano Ondemar Parente faleceu no dia 3 de Janeiro de 2022, aos 87 anos. Pode-se dizer que sua vivência nos espaços de sociabilidade negra, mais do que ser um instrumento para olhar e interpretar o mundo, foi o motivo que trouxe identidade ao seu fazer artístico; em outras palavras, sua arte se confunde com sua biografia.
Thebano, como ficou gravado em suas obras, foi um artista autodidata, dedicado ao desenho, gravura, pintura de cavalete e escultura. Embora tenha alcançado o respeito e o mérito junto à comunidade negra, por boa parte da sua vida foi visto como um outsider, passando ao largo dos espaços canônicos e de prestígio do circuito das artes.
Sua carreira, no entanto, ganhou força com a exposição de suas obras no Museu de Percurso do Negro, passando a ser visto como um artista decisivo na proposta de uma arte pública em Porto Alegre, que trouxe para as ruas a expressão das cores e tornou visível o corpo negro como elemento de composição do legado escultórico da capital. O conjunto de sua obra o levou a ser o artista homenageado na 14ª edição do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas em 2021.
Para esta homenagem, que ocorreu em meados de outubro, a artista visual Mitti Mendonça foi convidada para ser curadora da exposição de Pelópidas Thebano, intitulada “Raiz que se alastra”, onde depoimentos de familiares, pesquisadores e amigos foram fundamentais para a linha curatorial e a elaboração de material audiovisual, possibilitando o vislumbre da trajetória do artista por meio de fotografias, obras e entrevistas.
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