Operação Belchior

A música mudou

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A música mudou Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém… A ironia da letra de “Como Nossos Pais”, de Belchior, é tão óbvia que ainda me choca quando vejo universitários usarem a música para homenagear os pais em formaturas dos mais diversos cursos. Não quero discutir aqui o analfabetismo funcional dos brasileiros, mas o recado do compositor, que é claro: a música mudou, e é assim mesmo que as coisas devem ser. Se não mudasse teria outro nome: folclore. Acredito que para todos nós seja normal acharmos que aquilo que ouvíamos em nossa adolescência seja algo insubstituível, pois a arte não se encerra em si, ela provoca sensações, traz à tona lembranças, lugares, pessoas, etc. Também não acho que seja privilégio dessa geração, que lota festas chatíssimas dos anos 80 e ainda dá moral para artistas datados como a Blitz. Meu pai não atura música rap ou punk rock, que eu escuto, por exemplo. Meu velho é fã de Beatles, que eu não gosto, e de Queen, e já tivemos discussões engraçadíssimas sobre o assunto.  Sem me colocar na posição de especialista no assunto, mas apenas de um apreciador e um curioso sobre música, sempre tentei separar o meu gosto pessoal de um juízo definitivo sobre um artista, um disco ou um estilo. Esse meu jeito acabou me levando ao jazz, à música eletrônica e aos artistas africanos, minha atual obsessão.  Então, vou compartilhar alguns músicos atuais que ando ouvindo nesses meses de quarentena em meu Spotify, e que acho “duca”. Indicarei três artistas brasileiros e três estrangeiros para quem quiser chegar ao fim deste texto e, por acaso, não conheça esses caras e essas mulheres maravilhosas.  – Adriano Trindade: inicio aqui pelo meu conterrâneo da capital espiritual do Rio Grande do Sul, da New Jersey gaúcha, Canoas. O cara faz uma mistura muito louca de música brasileira, samba e jazz que serve tanto para embalar uma festa como para curtir em casa enquanto, no meu caso, faz pães ou cozinha para engordar a família enquanto a vacina do Corona não chega. Ele já lançou seis discos, dois deles disponíveis nas plataformas digitais. Há mais de uma década vivendo na Europa, já se apresentou em diversos festivais e em quase todos os países do Velho Mundo. – Tiganá Santana: cheguei a esse baiano de Salvador enquanto buscava artistas africanos ou com influências da África. Formado em Filosofia, o músico, poeta e poliglota soteropolitano compõe em português, inglês, espanhol, francês e em línguas africanas, e tem um jeito único de tocar seu violão, com uma afinação própria com influências do samba e da música afro. Ele já lançou cinco discos, todos disponíveis nas plataformas digitais. – Anelis Assumpção: filha de Itamar Assumpção, iniciou a carreira como backing vocal da banda de seu pai. Após a morte de Itamar formou a banda feminina DonaZica e, depois de receber os royalties da venda de uma caixa com gravações de Itamar, juntou grana para fazer seu primeiro disco solo em 2011. Até o momento tem […]

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Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém… A ironia da letra de “Como Nossos Pais”, de Belchior, é tão óbvia que ainda me choca quando vejo universitários usarem a música para homenagear os pais em formaturas dos mais diversos cursos. Não quero discutir aqui o analfabetismo funcional dos brasileiros, mas o recado do compositor, que é claro: a música mudou, e é assim mesmo que as coisas devem ser. Se não mudasse teria outro nome: folclore. Acredito que para todos nós seja normal acharmos que aquilo que ouvíamos em nossa adolescência seja algo insubstituível, pois a arte não se encerra em si, ela provoca sensações, traz à tona lembranças, lugares, pessoas, etc. Também não acho que seja privilégio dessa geração, que lota festas chatíssimas dos anos 80 e ainda dá moral para artistas datados como a Blitz. Meu pai não atura música rap ou punk rock, que eu escuto, por exemplo. Meu velho é fã de Beatles, que eu não gosto, e de Queen, e já tivemos discussões engraçadíssimas sobre o assunto.  Sem me colocar na posição de especialista no assunto, mas apenas de um apreciador e um curioso sobre música, sempre tentei separar o meu gosto pessoal de um juízo definitivo sobre um artista, um disco ou um estilo. Esse meu jeito acabou me levando ao jazz, à música eletrônica e aos artistas africanos, minha atual obsessão.  Então, vou compartilhar alguns músicos atuais que ando ouvindo nesses meses de quarentena em meu Spotify, e que acho “duca”. Indicarei três artistas brasileiros e três estrangeiros para quem quiser chegar ao fim deste texto e, por acaso, não conheça esses caras e essas mulheres maravilhosas.  – Adriano Trindade: inicio aqui pelo meu conterrâneo da capital espiritual do Rio Grande do Sul, da New Jersey gaúcha, Canoas. O cara faz uma mistura muito louca de música brasileira, samba e jazz que serve tanto para embalar uma festa como para curtir em casa enquanto, no meu caso, faz pães ou cozinha para engordar a família enquanto a vacina do Corona não chega. Ele já lançou seis discos, dois deles disponíveis nas plataformas digitais. Há mais de uma década vivendo na Europa, já se apresentou em diversos festivais e em quase todos os países do Velho Mundo. – Tiganá Santana: cheguei a esse baiano de Salvador enquanto buscava artistas africanos ou com influências da África. Formado em Filosofia, o músico, poeta e poliglota soteropolitano compõe em português, inglês, espanhol, francês e em línguas africanas, e tem um jeito único de tocar seu violão, com uma afinação própria com influências do samba e da música afro. Ele já lançou cinco discos, todos disponíveis nas plataformas digitais. – Anelis Assumpção: filha de Itamar Assumpção, iniciou a carreira como backing vocal da banda de seu pai. Após a morte de Itamar formou a banda feminina DonaZica e, depois de receber os royalties da venda de uma caixa com gravações de Itamar, juntou grana para fazer seu primeiro disco solo em 2011. Até o momento tem […]

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