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Conrado Rigel Ferrari e Gabriel Pedro Moacyr, dois prefeitos em vinte meses para encerrar a primeira ditadura

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Conrado Rigel Ferrari e Gabriel Pedro Moacyr, dois prefeitos em vinte meses para encerrar a primeira ditadura 16º prefeito Nome: Conrado Riegel Ferrari Partido: Partido Social Democrático (PSD) Período que governou: 19/11/1946-27/03/1947 17º prefeito Nome: Gabriel Pedro Moacyr Partido: Partido Social Democrático (PSD) Período que governou: 27/03/1947-15/07/1948 Entre 1946 e 1947, o Brasil viveu tempos de mudança. Após os traumas da Segunda Guerra e do autoritarismo do Estado Novo, o país ensaiava uma lenta reabertura democrática – e Porto Alegre não ficava imune aos ventos da transformação. O país ganhou uma nova Constituição ainda em 1946 e, no ano seguinte, foi a vez de o Rio Grande do Sul reformular a sua. Os prefeitos da Capital ainda são indicados, e não eleitos, e os mandatos continuam curtos. Conrado Rigel Ferrari e Gabriel Pedro Moacyr são os últimos mandatários de curto prazo nessa década em que os administradores municipais não chegaram a marcar época, mas abriram caminho para um que o faria: Ildo Meneghetti viria na sequência. Ainda sem eleições diretas para a Prefeitura, a cidade mesmo assim vivenciou uma maior participação popular: assembleias com lideranças locais gerariam uma série de demandas para o futuro e, antes que 1947 acabasse, a cidade abriria a sua atual Câmara de Vereadores, realizando eleições para ocupar os cargos e empossando a primeira legislatura no dia 4 de dezembro. Conrado Ferrari, assim como seu predecessor, Egydio Soares da Costa, foi sobretudo um continuador dos projetos herdados. Os anos 1940, afinal, são um período em que, por força das nomeações, o governo do Estado acaba se sobrepondo à própria Prefeitura: Ferrari assume por indicação do governador Cylon Rosa, e entregará o cargo no mesmo dia em que o ocupante do Piratini mudou, apenas quatro meses e oito dias mais tarde. Quando o Rio Grande do Sul passou ao governo de Walter Jobim, no fim de março de 1947, também Porto Alegre mudou de mãos, entregue agora ao engenheiro Gabriel Pedro Moacyr. São alterações rápidas, mas menos erráticas do que parecem: na prática, é mantido o continuísmo de correligionários e simpatizantes do partido que emergiu como dominante por aqui nos primeiros anos após o Estado Novo – o PSD. A gestão de Moacyr, um ano mais longa que a de Ferrari, é marcada por um incipiente convite à participação comunitária na determinação das políticas municipais. Em 13 de maio de 1947, respondendo às assembleias populares e às “cartas, memoriais, abaixo-assinados que recebemos”, o prefeito apresentou ao governo do Estado o resultado do que se pode chamar uma primeira consulta pública na Capital: a Carta das Reivindicações do Povo de Pôrto Alegre, um dossiê entregue ao governador Walter Jobim. Moacyr justificava a elaboração do documento: “Poderíamos, dentro dos velhos moldes burocráticos, sentados no gabinete refrigerado do Palácio Municipal, convocar auxiliares, incumbi-los de elaborar relatórios, formulando programas, já há muito conhecidos, expondo problemas de solução irrealizável, combinados na comodidade das poltronas palacianas – programas para deslumbrar munícipes, mas, na realidade, meras promessas impossíveis de serem cumpridas”. Querendo afastar-se dessas práticas ultrapassadas, escrevia o prefeito, as portas foram abertas: “não para acolher interesses que procuram flutuar nas […]

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16º prefeito Nome: Conrado Riegel Ferrari Partido: Partido Social Democrático (PSD) Período que governou: 19/11/1946-27/03/1947 17º prefeito Nome: Gabriel Pedro Moacyr Partido: Partido Social Democrático (PSD) Período que governou: 27/03/1947-15/07/1948 Entre 1946 e 1947, o Brasil viveu tempos de mudança. Após os traumas da Segunda Guerra e do autoritarismo do Estado Novo, o país ensaiava uma lenta reabertura democrática – e Porto Alegre não ficava imune aos ventos da transformação. O país ganhou uma nova Constituição ainda em 1946 e, no ano seguinte, foi a vez de o Rio Grande do Sul reformular a sua. Os prefeitos da Capital ainda são indicados, e não eleitos, e os mandatos continuam curtos. Conrado Rigel Ferrari e Gabriel Pedro Moacyr são os últimos mandatários de curto prazo nessa década em que os administradores municipais não chegaram a marcar época, mas abriram caminho para um que o faria: Ildo Meneghetti viria na sequência. Ainda sem eleições diretas para a Prefeitura, a cidade mesmo assim vivenciou uma maior participação popular: assembleias com lideranças locais gerariam uma série de demandas para o futuro e, antes que 1947 acabasse, a cidade abriria a sua atual Câmara de Vereadores, realizando eleições para ocupar os cargos e empossando a primeira legislatura no dia 4 de dezembro. Conrado Ferrari, assim como seu predecessor, Egydio Soares da Costa, foi sobretudo um continuador dos projetos herdados. Os anos 1940, afinal, são um período em que, por força das nomeações, o governo do Estado acaba se sobrepondo à própria Prefeitura: Ferrari assume por indicação do governador Cylon Rosa, e entregará o cargo no mesmo dia em que o ocupante do Piratini mudou, apenas quatro meses e oito dias mais tarde. Quando o Rio Grande do Sul passou ao governo de Walter Jobim, no fim de março de 1947, também Porto Alegre mudou de mãos, entregue agora ao engenheiro Gabriel Pedro Moacyr. São alterações rápidas, mas menos erráticas do que parecem: na prática, é mantido o continuísmo de correligionários e simpatizantes do partido que emergiu como dominante por aqui nos primeiros anos após o Estado Novo – o PSD. A gestão de Moacyr, um ano mais longa que a de Ferrari, é marcada por um incipiente convite à participação comunitária na determinação das políticas municipais. Em 13 de maio de 1947, respondendo às assembleias populares e às “cartas, memoriais, abaixo-assinados que recebemos”, o prefeito apresentou ao governo do Estado o resultado do que se pode chamar uma primeira consulta pública na Capital: a Carta das Reivindicações do Povo de Pôrto Alegre, um dossiê entregue ao governador Walter Jobim. Moacyr justificava a elaboração do documento: “Poderíamos, dentro dos velhos moldes burocráticos, sentados no gabinete refrigerado do Palácio Municipal, convocar auxiliares, incumbi-los de elaborar relatórios, formulando programas, já há muito conhecidos, expondo problemas de solução irrealizável, combinados na comodidade das poltronas palacianas – programas para deslumbrar munícipes, mas, na realidade, meras promessas impossíveis de serem cumpridas”. Querendo afastar-se dessas práticas ultrapassadas, escrevia o prefeito, as portas foram abertas: “não para acolher interesses que procuram flutuar nas […]

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