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O prefeito que caiu na folia

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O prefeito que caiu na folia Nome: João Damata CoelhoPartido: Partido Republicano Rio-GrandensePeríodo que governou: 21/11/1891 até 11/06/1892 O nome “prefeito” para se referir à pessoa com a responsabilidade de administrar o município só surgiu na década de 1930. Até então, já no período republicano, era a Junta Municipal que geria a governava, e seu primeiro presidente foi Felicíssimo Manoel de Azevedo, o primeiro “prefeito” desta série. Com a desistência de Felicíssimo, outro republicano que já fazia parte da Junta Municipal assumiu a presidência em seu lugar, passando a governar Porto Alegre: João Damata Coelho. Um dos alcaldes mais obscuros da cidade, o segundo na lista dos administradores passou menos de sete meses no cargo. Foi tão pouco falado, e é até hoje, que a grafia de seu nome varia nos registros oficiais. Damata é a escrita mais comum, mas há menções a ele como Da Mata, Damatta ou Da Matta. Coelho era major da Guarda Nacional e um vereador conhecido, tendo ingressado na Câmara em 1886, pelo Partido Conservador. O Brasil ainda era Império. Naquele mesmo ano, casou-se com Miguelina Werna, filha de Miguel de Werna, um monarquista ferrenho, com relações na aristocracia imperial e, é claro, alinhado aos conservadores na política local. Mas a proximidade de ideias entre João Damata Coelho e o sogro não duraria muito tempo. Em 1889, às vésperas do fim do Império e quando ainda ocupava a vice-presidência da Câmara, Coelho abandonou os conservadores e se uniu ao Partido Republicano – o que lhe abriu as portas para ser, ainda que por apenas alguns meses, o político número um do município após Felicíssimo deixar o cargo. Em novembro de 1892, assumiu a presidência da Junta Municipal e, no segundo mês de mandato, abriu mão de receber salário, para preservar os já esvaziados cofres municipais. Suas funções eram as mesmas de seu antecessor, limitadas pela pouca autonomia do cargo: cuidar da limpeza e da organização do município, tomar decisões sobre os impostos e definir a Lei Orçamentária. Meio ano após assumir, solicitou dispensa da função, já que havia o projeto da criação de um novo cargo, o de Intendente. Após deixar o cargo de presidente da Junta, seguiu dedicado ao município, sendo juiz distrital e chefe da Seção de Abastecimento de Água da Intendência Municipal. Fora da política partidária, João Damata Coelho era figurinha carimbada na sociedade porto-alegrense, sendo diretor do Club Comercial. Em 1885, havia iniciado as festas de carnaval do ano com uma reunião familiar com trajes burlescos. Segundo a historiadora Caroline Leal, que pesquisou a vida da família, Coelho provavelmente tinha uma vida social intensa, acumulando participações em grupos como o Clube de Regatas de Porto Alegre, o Club Militar de Oficiais da Guarda Nacional, o Club Júlio de Castilhos e a Irmandade do Divino Espírito Santo. Sua grande paixão, porém, era mesmo o carnaval. E sua “traição” ao sogro não se limitou à troca de partidos, abandonando os conservadores pró-Império em nome do republicanismo: enquanto o pai de sua esposa era sócio e presidente da Sociedade Carnavalesca Esmeralda, […]

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Nome: João Damata CoelhoPartido: Partido Republicano Rio-GrandensePeríodo que governou: 21/11/1891 até 11/06/1892 O nome “prefeito” para se referir à pessoa com a responsabilidade de administrar o município só surgiu na década de 1930. Até então, já no período republicano, era a Junta Municipal que geria a governava, e seu primeiro presidente foi Felicíssimo Manoel de Azevedo, o primeiro “prefeito” desta série. Com a desistência de Felicíssimo, outro republicano que já fazia parte da Junta Municipal assumiu a presidência em seu lugar, passando a governar Porto Alegre: João Damata Coelho. Um dos alcaldes mais obscuros da cidade, o segundo na lista dos administradores passou menos de sete meses no cargo. Foi tão pouco falado, e é até hoje, que a grafia de seu nome varia nos registros oficiais. Damata é a escrita mais comum, mas há menções a ele como Da Mata, Damatta ou Da Matta. Coelho era major da Guarda Nacional e um vereador conhecido, tendo ingressado na Câmara em 1886, pelo Partido Conservador. O Brasil ainda era Império. Naquele mesmo ano, casou-se com Miguelina Werna, filha de Miguel de Werna, um monarquista ferrenho, com relações na aristocracia imperial e, é claro, alinhado aos conservadores na política local. Mas a proximidade de ideias entre João Damata Coelho e o sogro não duraria muito tempo. Em 1889, às vésperas do fim do Império e quando ainda ocupava a vice-presidência da Câmara, Coelho abandonou os conservadores e se uniu ao Partido Republicano – o que lhe abriu as portas para ser, ainda que por apenas alguns meses, o político número um do município após Felicíssimo deixar o cargo. Em novembro de 1892, assumiu a presidência da Junta Municipal e, no segundo mês de mandato, abriu mão de receber salário, para preservar os já esvaziados cofres municipais. Suas funções eram as mesmas de seu antecessor, limitadas pela pouca autonomia do cargo: cuidar da limpeza e da organização do município, tomar decisões sobre os impostos e definir a Lei Orçamentária. Meio ano após assumir, solicitou dispensa da função, já que havia o projeto da criação de um novo cargo, o de Intendente. Após deixar o cargo de presidente da Junta, seguiu dedicado ao município, sendo juiz distrital e chefe da Seção de Abastecimento de Água da Intendência Municipal. Fora da política partidária, João Damata Coelho era figurinha carimbada na sociedade porto-alegrense, sendo diretor do Club Comercial. Em 1885, havia iniciado as festas de carnaval do ano com uma reunião familiar com trajes burlescos. Segundo a historiadora Caroline Leal, que pesquisou a vida da família, Coelho provavelmente tinha uma vida social intensa, acumulando participações em grupos como o Clube de Regatas de Porto Alegre, o Club Militar de Oficiais da Guarda Nacional, o Club Júlio de Castilhos e a Irmandade do Divino Espírito Santo. Sua grande paixão, porém, era mesmo o carnaval. E sua “traição” ao sogro não se limitou à troca de partidos, abandonando os conservadores pró-Império em nome do republicanismo: enquanto o pai de sua esposa era sócio e presidente da Sociedade Carnavalesca Esmeralda, […]

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