Entrevista | Parêntese

Reaprender a arquitetura (e outras coisas) em Serra Leoa – Entrevista com Ana Rita Uhry

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Reaprender a arquitetura (e outras coisas) em Serra Leoa – Entrevista com Ana Rita Uhry
Soube da Ana Rita Uhry por intermédio de uma colega de ioga dela. Quando ouvi que ela estava numa missão da mundialmente (e justificadamente) famosa instituição Médicos Sem Fronteiras (MSF), trabalhando em Serra Leoa, já me pareceu que valesse a investida para um depoimento. Depois, se acrescentou outro dado: era uma arquiteta trabalhando para essa ONG. Arquiteta? Ioga? Serra Leoa?  Lembro bem de um médico que uma vez, décadas atrás, conheci em Cruz Alta, ele ligado à MSF em visita à família. Dá um pouco a noção de que o mundo é realmente complexo e que muitas vezes um conhecido casual é uma porta aberta para o infinito. Havia imagens postadas pela Ana Rita no instagram, que fui ver com grande interesse. Feito o contato, ela foi muito atenciosa. A entrevista foi feita por whatsapp, perguntas enviadas daqui e, com alguma demora decorrente das tarefas, respostas vindas de lá. Isso durou uns dias, na primeira metade de dezembro. A Parêntese mal tinha nascido! Para ajudar o leitor com alguns dados: Serra Leoa foi o nome dado a uma região da ponta ocidental da África, beira do Atlântico. O nome é português mesmo, porque foi de Portugal que chegou lá o primeiro europeu. Em seguida se estabeleceu na região um importante comércio de escravos, ou, para dizer de modo mais justo, de gente escravizada e comercializada. Em 1792, uma companhia de comércio inglesa tomou o poder, e logo foi fundada Freetown, “cidade livre”, para servir de refúgio para escravizados que tivessem sido libertados nos domínios ingleses na América. O país obteve sua independência da Inglaterra em 1961.  (Logo ao sul de Serra Leoa, fica a Libéria, um país fundado em 1821 a partir da iniciativa da American Colonization Society, uma ong daqueles tempos, que levou para lá escravizados que tivessem sido libertados nos EUA. Outra história impressionante.) Serra Leoa viveu uma guerra civil entre 1991 e 2002, o que causou o caos social que está na origem do trabalho da MSF por lá, como a Ana Rita em seguida vai contar. Hoje o país tem uns 6 milhões de habitantes, num território com tamanho maior do que o Rio de Janeiro mas menor do que Pernambuco, ou um quarto do tamanho do Rio Grande do Sul, para dar alguma ideia. (Por combinação prévia, aceita pelas partes, a entrevista foi revisada pela entrevistada e por um representante do setor de comunicação da MSF.) – Luís Augusto Fischer Parêntese: Oi, Ana Rita. Quer dizer que tu anda aí longe, em Serra Leoa? Ana Rita Uhry: É! Quando eu já estava quase desistindo da arquitetura e da construção civil e buscando outras alternativas profissionais, até por causa da crise no Brasil, me peguei de surpresa com essa grande oportunidade que a minha carreira também me oferece, como arquiteta. E resultou em eu entrar para Médicos Sem fronteiras (MSF, ou Médecins sans frontières em francês) no final de 2018, e acabei vindo para minha primeira missão. Então agora, atualmente, estou morando em Serra Leoa já […]

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