Ancestralidade é a casa da sabedoria
LIVROS
Lugares de Origem | Yussef Campos e Ailton Krenak
A partir de um depoimento para uma tese de doutorado sobre a instituição do conceito de patrimônio cultural no Brasil com a Constituição de 1988, o diálogo entre o historiador Yussef Campos e o líder indígena Ailton Krenak ampliou-se para questionamentos mais profundos sobre a vida do planeta. O resultado é Lugares de Origem (Jandaíra, 112 páginas, R$ 44), livro composto por três textos que apresentam um enfrentamento à monocultura simbólica que as culturas hegemônicas tentam impor.
O primeiro texto é uma entrevista base feita por Campos com Krenak em 2013 para a sua tese de doutoramento; o segundo é a transcrição de uma fala de Krenak na Universidade Federal de Goiás, após a tragédia do estouro da barragem da Samarco, em Mariana (MG); por fim, o o último é um ensaio de Campos que parte do gesto de guerra e luto de Krenak ao pintar o rosto de jenipapo no planário do Congresso Nacional como forma de protesto contra as deturpações das reivindicações definidas em consulta pública durante a Constituinte.
“A ancestralidade é a casa da sabedoria. Os indígenas tratam seus anciãos com solenidade e respeito dignos de muita admiração. Creio que foi nesse momento que fui arrebatado por Ailton Krenak. Não só o intelectual, filósofo, ambientalista, pensador e líder indígena, mas também o ser humano. Desde esse encontro, minha maneira de encarar o mundo vem sofrendo viradas constantes, possibilitando uma ampliação do conhecimento que a academia não proporciona. Mais que isso: dentro de mim, a epistemologia eurocêntrica, branca, hegemônica começava a ruir”, escreve Yussef no começo da terceira parte da obra.
Poemas para exumar a história viva; um espectro ronda o Brasil | Organização de Alberto Pucheu
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