Vinte e sete anos depois de “Admirável Mundo Novo”
Em Retorno ao Admirável Mundo Novo (Biblioteca Azul, tradução de Fábio Fernandes, 176 páginas, R$ 49,90), Aldous Huxley (1894 – 1963) se propõe a avaliar as previsões de sua obra original – e também a elaborar novas questões para o futuro. “Em 1931, enquanto eu escrevia Admirável Mundo Novo, estava convencido de que ainda tínhamos muito tempo. Vinte e sete anos depois, estou me sentindo bem menos otimista do que estava quando o escrevi”, registrou na época o escritor inglês. Logo de início, o autor afirma que suas hipóteses se tornaram realidade muito mais rápido do que havia imaginado.
Com talento profético e capacidade imaginativa, Huxley trata nesse livro de ameaças à humanidade como a superpopulação, a manipulação genética e psicológica, o uso de drogas prescritas como forma de controle social e a ascensão de regimes autoritários. O autor compara sua distopia com a de 1984, de George Orwell, de quem fora professor, e coloca lado a lado acertos e erros de ambas.
Publicado originalmente em 1958, Retorno ao Admirável Mundo Novo aborda assuntos que ainda repercutem em nosso tempo, como o reforço positivo de comportamentos e a flexibilização da noção de verdade. Ao lançar questões para o futuro, Huxley propõe que as nações devem educar seus cidadãos para a liberdade, sob risco de caírem na mão de ditaduras.
Essa edição brasileira traz notas que contextualizam dados e informações do texto original, além de um posfácio escrito por Carlos Orsi, pesquisador do Instituto Questão de Ciência, que contextualiza o exercício especulativo de Huxley e também propõe debates a respeito de temas de urgente atualidade, como a manipulação emocional da publicidade, a tecnologia a serviço do controle total e o efeito de hipnose das redes sociais.
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