Fura-fila é grupo de risco para a vacina dos outros
Tráfego intenso pero no mucho
A Ponte Internacional Getúlio Vargas-Augustín Pedro Justo, que liga Uruguaiana (RS) a Paso de los Libres (AR), foi a primeira construída entre o Brasil e a Argentina. A área registra intenso tráfego de carros e caminhões dos dois países, uma média de 10 mil caminhões por mês. E proporcionou ao município brasileiro abrigar o maior porto seco da América Latina.
Devido a pandemia e com a fronteira fechada, a passagem ficou restrita ao transporte internacional no final do ano. Com o movimento praticamente zerado, os moradores utilizaram a ponte para lazer, principalmente na hora do pôr do sol que, segundo eles, “é o mais bonito do mundo”.
Como canta João Chagas Leite: Quem segue o rastro do sol sempre chega a Uruguaiana.
(Um registro da virada de ano enviado por Juliana Claus Prato)
Nojo
E essa gente que se posta / se deixa postar furando a fila da vacina e que depois diz alguma coisa ou que não diz nada, acho que a gente – todo mundo que tem nojo deles – devia anotar os nomes pra botar numa lista cor de nojo.
(Paulo Coimbra Guedes)
Fala mais alto que ele é surdo
Pra conversar com quem tá ficando surdo, como é o meu caso, falar mais alto faz quase nenhuma diferença. Mais pausado, sim, apesar de ficar a impressão, pra uma eventual testemunha, de que um dos dois é bobo, talvez ambos. Falar mais claro, pronunciar cada sílaba, prestar atenção principalmente no início da fala – que é quando o surdo dispara o alarme: estão falando comigo, essa é a voz, esse é o tom, o que é mesmo que está sendo dito? – mas aí o texto já vai pela quinta ou sexta sílaba, comprometendo a compreensão do todo. O não surdo, compreensivelmente cansado de tanto ouvir “hã?” tende a repetir o fim da frase, e em voz alta: “NO CELULAR!” ou “AMANHÃ!” Mas nós, os ensurdecidos, normalmente ouvimos o objeto direto e os complementos, o que nos falta pra compreender a frase é o sujeito, o verbo, às vezes só o modo verbal: indicativo, subjuntivo, imperativo? Infelizmente, a população dos “duros de ouvido” não está entre as preocupações do cinema brasileiro contemporâneo, que, em busca de um naturalismo para o século 21, parece ter finalmente descoberto a prosódia do Marlon Brando – só que sem legendas.
(Giba Assis Brasil)