José Falero | Reportagem

Duan Kissonde, da água ao menino

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Duan Kissonde, da água ao menino Duan Kissonde em seu quintal. Foto de Kassius Yuri.

“Zé, Duan é poeta de nossa terra.”

Assim dizendo — ou melhor, assim comentando num post que fiz no Facebook —, a querida Silvana Rodrigues, extraordinária atriz, me apresentava ao brilhante poeta Duan Kissonde, no início do ano passado.

“Poeta de nossa terra.”

Tudo bem que sou brasileiro, gaúcho e porto-alegrense, da mesma forma que Silvana e Duan; no entanto, não se precipite o leitor a supor que terminam por aí nossas identificações territoriais. A “terra” da qual Silvana falava, naquele comentário, é ainda mais específica do que a esfera municipal. Ela se referia à Lomba do Pinheiro, bairro que viu nascer não apenas nós três, mas incontáveis outros artistas.

“Nossa terra.”

Esse simples par de palavras me causou grande impressão. O que não deixa de ser curioso, já que, conforme o leitor pode perceber, nada de enigmático parece haver nelas. Contudo, não pude deixar de me perguntar a razão de Silvana tê-las empregado da forma como empregou; passei as semanas que se seguiram pensando nelas, sem conseguir compreender direito o motivo de me impressionarem tanto. E quem me ajudou a elaborar essa questão foi ninguém mais, ninguém menos que o próprio Duan Kissonde.

Na primeira vez em que o encontrei, enquanto jogávamos sinuca num boteco da Mapa, relembrei o comentário de Silvana e expliquei que a expressão “nossa terra” tinha me causado impressão, como se quisesse dizer mais do que dizia. Ao que ele respondeu da seguinte forma:

— Brasileiro gosta de ver brasileiro, quando tá fora do Brasil. Porque lá fora ele é um estrangeiro, tá inserido noutra cultura, e não se sente pertencente naquele lugar. Daí, esse desconforto é menor quando ele encontra outro brasileiro. Certo? E a mesma coisa acontece com a gente, mano. Tá ligado? Tu sabe que, na real, o Pinheiro não faz parte de Porto Alegre. Pode ver: quando tu vai dar um rolê no Centro, na Cidade Baixa etc., tu te sente como? Tu não te sente como um estrangeiro? A nossa terra é o Pinheiro, e o Pinheiro não tem nada a ver com aquilo de lá. Então, quando a Silvana trata a gente como conterrâneo, é sobre isso que ela tá falando: sobre o pertencimento que a gente tem em comum aqui no Pinheiro, e sobre o não-pertencimento que a gente tem em comum nisso que chamam de “Porto Alegre”.

Foi assim que descobri uma das grandes virtudes de Duan: a de dar uma verdadeira aula toda vez que abre a boca. De lá para cá, tivemos muitos outros encontros, a maioria deles motivada ou por sinuca, ou por Literatura. E desta vez não foi diferente. Tomando todas as devidas precauções contra a Covid-19, fui encontrá-lo na vila Quinta do Portal, onde ele vive com Liziane Guedes, sua noiva, para saber mais sobre o livro que Duan acaba de lançar: Água de meninos (Taverna, 2020), seu primeiro trabalho solo na poesia.

José Falero e Duan Kissonde na Estrada Afonso Lourenço Mariante. Foto de Kassius Yuri.

Ainda na Estrada Afonso Lourenço Mariante, enquanto caminhávamos rumo à sua casa, Duan, que é estudante de História na UFRGS, me explicou algo interessante, quando lhe perguntei a respeito do curso.

— As pessoas, principalmente as que estão à margem de tudo, muitas vezes entram na universidade pensando algo como “agora é que eu vou aprender coisas importantes de verdade”. Isso é desmerecer a própria bagagem intelectual, cultural etc. que essas pessoas acumularam ao longo da vida, com a família, com os amigos, com os seus encontros com o mundo. Eu não sou assim. Quando entrei na universidade, já tinha total consciência do valor da minha bagagem; tinha total consciência do valor da minha visão de mundo. Isso é bom, porque me ajuda a ter um olhar mais crítico em relação à universidade. Eu percebo que as referências, as metodologias e tudo o mais não são tão boas nem tão diversificadas quanto poderiam ser. É por isso que eu também faço as minhas próprias pesquisas, os meus próprios estudos, enfim, eu vou atrás das coisas que me interessam e que a universidade não se propõe a me entregar.

— Massa! — eu disse. — Mas por que tu acha que isso acontece? Quero dizer, por que algumas pessoas, como tu, conseguem valorizar a própria bagagem, em quanto outras pessoas, não?

— Isso, como tudo na vida, passa pelos que vieram antes. A explicação pra isso, pelo menos no meu caso, é o ambiante onde eu fui criado. Meu pai e minha mãe já valorizavam a própria bagagem intelectual, cultural etc., e eu fui criado assim desde muito pequeno. Desde sempre.

A casa dos pais de Duan não o deixa mentir. Tão logo chegamos, adentrei a residência para conversar um pouco com Seu Carlos Vicente e Dona Kelli Cristina, e foi impossível não perceber o óbvio: para onde quer que se olhasse, das estantes abarrotadas de livros e vinis às paredes repletas de quadros e esculturas, tudo o que se via denunciava o apreço dos donos da casa por arte e cultura.

Parede da casa dos pais de Duan. Foto de Kassius Yuri.

Os vinis, em particular, guardam uma história interessante. Duan contou que as suas primeiras experiências com leitura se deram por meio dos encartes dos discos.

— Os discos são sagrados, pro meu pai. Então, quando eu era bem pequeno, ele não gostava muito que eu mexesse, com medo que eu fosse estragar e tal. Daí, eu esperava ele sair, e aquilo — apontou para as centenas de vinis do pai —, aquilo era a minha biblioteca. Se tu for olhar, os encartes são quase biografias dos músicos. Eu mergulhava neles, lia tudo, e ficava sabendo quem tinha composto as músicas, quem tocava qual instrumento em qual faixa; ficava sabendo sobre histórias da vida dos caras.

— É disso que eu falo — disse Seu Carlos Vicente. — As coisas deviam ser feitas assim até hoje. Isso é arte, é cultura. Isso acaba enriquecendo os discos. Mas nem sempre eu pensei assim… Teve uma época da minha vida que eu não sabia que música também é cultura. O meu primeiro contato com a música foi através do samba. Eu comecei a frequentar as rodas de samba lá na antiga Vila do Avanço, e aí eu conheci Cartola, Zé Keti e por aí vai. Bah, eu fiquei fascinado! Logo depois, comecei a construir o meu acervo. Então, depois que o Duan já tava mais crescido, quando eu não tinha mais medo que ele acabasse estragando os discos, fiquei feliz de ver que ele gostava, que não era só curiosidade da infância. Foi uma alegria ver que ele gostava dos discos como eu. Porque, de vez em quando, eu olhava pra esses discos todos e ficava pensando: “O que vão fazer com os meus discos, depois que eu morrer? Decerto vão jogar fora! Poxa, que tristeza!”

Seu Carlos Vicente concorda com o filho a respeito da influência familiar. Confessa não ter tido a coragem que Duan teve de se dedicar a fundo nos escritos, mas lembra que antigamente ele próprio também arriscava alguns “rabiscos” e algumas composições musicais — práticas que Duan testemunhou ao longo da infância.

— Ele escreve sambas muito melhor do que eu — afirmou o filho.

A avó materna é outra referência importante que Duan sempre faz questão de citar. Dona Rosa Maria escrevia poemas regularmente, sem jamais tê-los publicado. Na ocasião de seu falecimento, em 2014, Duan e os pais foram até a casa onde ela vivia para darem algum destino a seus pertences. Foi quando o neto encontrou os poemas guardados de Dona Rosa Maria e sentiu — não pela primeira vez, mas de maneira particular — o desejo de investir na carreira de poeta.

— Eu e minha vó éramos amigos. Na época que ela morreu, eu andava pensando em dar um jeito na vida, fazer um curso técnico, sei lá. Não queria saber de poesia, porque poesia não dá dinheiro. Mas eu não conseguia parar de pensar na minha vó. Daí, me veio um estalo: “Cara, tu vai seguir o legado dela, de verdade, se tu for um poeta”. Naquela noite, eu sentei e fiz alguns esboços. Desses esboços, surgiu um primeiro poema. E eu pensei: “Este é o primeiro poema, de outros que virão para compor o meu livro”. Agora, tá aí, tá pronto. E o meu próximo projeto é publicar os poemas da minha vó.

Dona Kelli Cristina ressaltou que a reverência aos mais velhos é uma antiga tradição que remonta a muitas gerações anteriores. Ela própria tinha sido criada por sua vó, e não só desenvolvera com ela um vínculo especial, como se lembra de perceber nela o mesmo respeito profundo pelos que tinham vindo antes.

— Acho que tudo isso influência não só no trabalho do Duan, mas também na pessoa que ele é, e de maneira muito natural, porque é algo que vem atravessando nossa família desde muito tempo. A gente nunca deixa de considerar os mais velhos. Eu tenho a referência das minhas tias, da minha mãe, da minha vó, e elas tinham a referência de quem tinha vindo antes. É uma família de matriarcas. Isso, na verdade, é uma constante nas famílias brasileiras: a importância das mulheres. É claro que os pais têm um papel importante, mas quase tudo gira em torno das mulheres, principalmente as coisas relacionadas aos mais novos, aos filhos, às coisas que a gente precisa passar pra eles. Além disso, somos uma família muito unida. Acho que isso também é muito importante. Sempre apoiamos uns aos outros em tudo.

O sobrenome de Duan, na verdade, é “Porto Barcelos”. “Kissonde”, o poeta resolveu adotar logo após receber em transplante a medula de Denzel, o irmão — evento que Duan considera um rito de passagem, o início de um novo ciclo.

— Eu tinha 19 para 20 anos quando fiz o transplante. Foi no dia 12 de julho. Como eu tinha te falado antes, eu sou autodidata, faço minhas próprias pesquisas. Estudo a história do Brasil, mais pelo lado do negro. Uma das coisas que gosto muito de estudar é a presença Banto no Brasil. Os povos Banto são aqueles das regiões que hoje compreendem Congo, Angola, Moçambique. Se tu for ver, a gente sabe muito da cultura Iorubá; a cultura Iorubá é bastante difundida no Brasil. Então eu desenvolvi esse interesse particular pelos povos Banto, eu queria saber mais sobre essa cultura que parece ter sofrido um apagamento maior do que a cultura Iorubá. Uma das primeiras coisas que descobri é que utilizamos muitas palavras de origem Banto no dia a dia. Por exemplo, “porongo”, “cabaça”, “cabaço”, “cacunda”, “moleque”, “banda”, “banzo”. Então, quando fiz o transplante, resolvi adotar o “Kissonde”, como forma de marcar o meu renascimento, o início daquele meu novo ciclo. E “Kissonde” vem do Banto. “Kissonde” é o plural de “sonde”, um tipo de formiga que tem lá nas Savanas Africanas.

Mas não foi apenas o “Kissonde” que a cultura Banto trouxe para a vida de Duan. Sua reverência aos ancestrais — uma tradição familiar, conforme já se viu — reforçou-se grandemente no encontro do poeta com o candomblé de Angola, por exemplo.

— Se tu for ver, Zé, a capa do meu livro tem o nome dos meus ancestrais, porque eu comecei a trabalhar na cosmologia Banto, esse lance de cultuar os ancestrais. Olha só, pensa assim: eu e tu somos amigos. Então, um dia, se tu for morar em outro lugar, tu vai ficar chateado se eu nunca mais entrar em contato contigo. Não é mesmo?

— Claro.

— Então, se tu morrer, é a mesma coisa que acontece. Se tu morrer e eu nunca mais tocar no teu nome, tu vai ficar chateado. Na visão Banto, é só isso que acontece: quando tu morre, tu apenas passa para outro plano. Entende? Então, eu entrei no candomblé de Angola, já faz 4 anos. É um culto voltado para os antepassados. Só que o racismo fez o quê? As pessoas que cultuam os antepassados são chamadas de “feiticeiras”; usaram todos os tipos de termos pejorativos possíveis para diminuir essas pessoas e as suas práticas religiosas. Isso nos desequilibra enquanto povo, povo negro; desequilibra a nossa identidade. Eu quero cuidar do meu finado vô, eu quero cultuar ele. Entende? Porque, se eu cuidar dele, ele vai ficar bem, lá onde ele tá. Eu podendo me comunicar com ele, ambos temos benefícios. Porque ele pode enxergar muito mais longe do que eu, já que tá noutro plano, um plano mais elevado; ele tem uma visão das coisas muito mais ampla do que a minha visão limitada. Então, quando eu tenho que tomar decisões, sobre coisas importantes, eu conto com o meu vô, eu conto com a minha vó, eu conto com a minha bisavó; eu vou consultar os meus ancestrais. Mas dizem que isso é errado. Fizeram quase o país inteiro acreditar que isso é errado, ou que não faz sentido.

Minha poesia é afro
Afronta
Capoeiragem, rasteira
Azagaia, faca de ponta
Minha poesia é afro
Afronta
deixa racista com a cuca tonta
na ferroada black do marimbondo
ginga moleque, tu é rei do Congo
Minha poesia é afro
Afronta
Meu verso é banto
e não branco como vocês gostariam que fosse.

— Duan Kissonde, Afronta, em Água de meninos.

Duan Kissonde, na mesa de trabalho. Foto de Kassius Yuri.

Confesso não ser um especialista em poesia, mas tenho para mim que o poeta costuma transcender o próprio ato da escrita muito mais do que o prosador. Em outras palavras, me parece que o poeta, muito mais do que o prosador, é uma condição existencial, para além da condição de criatura que meramente expressar-se por meio de textos. E, esteja correta ou não essa minha impressão, Duan parece corroborá-la.

— Quando eu era pequeno, na época que eu vim morar aqui, o mundo era mágico, pra mim. Hoje, olhando pra trás, eu percebo que já naquela época eu tinha relação com a poesia, com a forma poética de ver as coisas, muito para além de escrever poesia. Eu ficava olhando pro céu, tentando ver o meu tio, que tinha falecido quando eu tinha 1 ano de idade. Por alguma razão, eu achava que uma hora ia passar uma nuvem que era ele. Tá ligado? Já era uma conexão; não era muito diferente de como eu vi as coisas por um bom tempo, e ainda vejo. Tenho uma relação forte com a forma das coisas. Por exemplo, antes de eu aprender a ler, ler mesmo, eu aprendi a ler de uma outra maneira: pela forma das letras. Quando eu tava esperando o ônibus com a minha mãe, no Centro, e um ônibus se aproximava, eu perguntava: “Esse é o Mapa, mãe?”. “Não, meu filho, esse é o Bonsucesso.” “Esse é o Mapa, mãe?” “Não, esse é o Herdeiros.” Perguntei tantas vezes, que, um dia, percebi que eu já sabia qual era o ônibus que tava vindo, porque eu tinha decorado o formato das letras e as combinações desses formatos. Ou seja, eu sabia ler antes mesmo de aprender a ler.

Para Dona Kelli Cristina, o filho é poeta desde o momento em que nasceu. Ela fez questão de lembrar que, tão logo Duan entrou na escola, já começou a aparecer com versos que não acabavam mais, como se o filho estivesse apenas esperando o domínio da escrita para trazê-los à tona.

— Ele escrevia as poesias dele, os versos dele, e eu ficava espantada. “Foi tu que escreveu isto?”, eu perguntava, porque achava impressionante uma criança tão pequena conseguir escrever aquelas coisas. Muitas vezes ele jogava fora. Eu encontrava as folhas rasgadas pela casa. Então eu juntava os pedaços, olhava o que tava escrito, e era tão bom, era tão bonito, que eu precisava mostrar para todo o mundo. Eu colava os pedaços e colocava as folhas na bolsa, para poder mostrar para todo o mundo, onde quer que eu fosse. E não era só eu que achava muito bom: todo o mundo ficava espantado de ver coisas tão legais escritas por uma criança tão pequena.

Duan Kissonde aos 5 anos. Foto do acervo da família.

— Imagina, 5 anos de idade! — disse Duan. — O que se sabe do mundo aos 5 anos de idade? Ora, se fazem apenas 5 anos que tu tá neste mundo! Tu tá ouvindo certos sons pela primeira vez, sentindo certos cheiros pela primeira vez. Mas também, o que se sabe do mundo aos 20, aos 40, aos 60? Perto de tudo o que existe pra gente saber, a gente nunca sabe quase nada; estamos sempre descobrindo tudo. Inclusive, é nesse sentido o título do meu livro, “Água de meninos”, para além do local que existe em Salvador com esse nome, e que é um lugar importante, que ainda pretendo conhecer. A água é algo que sempre esteve presente nos momentos chaves da minha vida. Por exemplo, eu sentia muita sede quando tava lá, deitado na cama do hospital, esperando o transplante. Eu pedia água o tempo todo. Outro exemplo é que choveu muito quando a minha vó morreu. Choveu forte, alguns dias a fio. Também chovia dentro de mim. E quando parou de chover, tanto dentro de mim quanto fora, eu soube que queria seguir o legado da minha vó, sendo poeta, como eu já te falei. Mas o termo “meninos” que eu trago no título do livro não tem nada a ver com essa forma ocidental de ver a figura da criança. Se eu não me engano, “infância”, “infante”, isso tem raiz em “aquele que não fala”. Não é nesse sentido que eu trago o “meninos” no título do meu livro. É “meninos” no sentido do espírito que a gente nunca devia perder, que é o espírito ávido pela novidade, o espírito que nunca se cansa de descobrir coisas.

Duan tem uma relação interessante com o tempo. Para ele, não faz muito sentido pensar nas coisas em termos de início, meio e fim. Quando lhe perguntei quanto tempo levou para escrever os cerca de 50 poemas que compõem Água de meninos, me respondeu assim:

— Eu sou poeta desde sempre, como a minha mãe disse. Acho que acontece a mesma coisa com o meu livro. Ele existe desde antes de eu começar a escrever. Tá ligado? Claro, eu posso simplesmente dizer que levei 7 anos pra escrever os poemas. Mas não sinto essa declaração como verdadeira. Porque o meu verso já tava vivo nos versos da minha vó, por exemplo. Eu, Duan, poeta, já era poeta no momento em que as coisas se alinharam pra eu ser poeta, assim como o meu livro já existia no momento em que as coisas se alinharam pra que ele existisse. Quando foi isso? Se tu parar pra pensar, não é fácil dizer. E eu acho que essa é uma visão de mundo que as pessoas às vezes têm dificuldade pra entender porque é incompatível com a cultura na qual a nossa sociedade tá inserida. Por exemplo, uma das marcas dessa cultura branca, ocidental, é o individualismo, o egoísmo. Isso molda o pensamento da maioria das pessoas. Daí, é difícil pra elas imaginarem a existência em coletividade, com uma noção de tempo diferente. Não é à-toa que eu trago o nome dos meus antepassados na capa do meu livro, Zé. Os meus versos são deles. Eles são tão responsáveis pelos meus versos quanto eu mesmo. Porque a gente existe junto, em coletividade; eu sou o que eu sou graças a eles, junto como eles; a minha existência individual não faz sentido. Então, como pode ser verdade que eu levei sete anos pra escrever os poemas do livro? Pra mim faz mais sentido pensar que o livro já tava pronto, desde sempre, assim como eu sou poeta desde sempre. Tá ligado?

Balancei a cabeça, concordando. E não pude evitar de abrir, por baixo da máscara, um enorme sorriso. É um prazer, uma honra e um privilégio ser amigo de Duan, e poder aprender tanta coisa a cada vez que nos encontramos. É como voltar a ser menino.

Ele só não precisava me ganhar todas na sinuca.

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