Fotos das fotos, uma exposição de Sioma Breitman
Esta reportagem fotográfica traz, pela lente de Carlos Edler, uma visita à exposição Sioma Breitman – O retratista de Porto Alegre. A mostra, que abriu em 18 de janeiro e fica no Farol Santander até 24 de abril de 2022, exibe o conjunto da obra de Breitman em um espaço repleto de documentos e imagens.
Lembrar do nome de Sioma Breitman (1903-1980) é uma forma de conservar a memória de Porto Alegre. Ainda mais se atrelado a ele vem o conjunto de seu trabalho, já que Breitman é fotógrafo importante durante décadas na cidade que o recebeu após seu processo de imigração.
De origem judaica, Sioma Breitman chega com sua família ao Brasil vindo da cidade de Olgopol, na Ucrânia. À época, anos 1920, os judeus sofriam com a perseguição do stalinismo e a saída para muitas famílias era abandonar o país. No destino do futuro fotógrafo uma capital que agora pode ser revisitada na exposição Sioma Breitman – O retratista de Porto Alegre, instalada no Grande Hall do Farol Santander.
Retratos, além de retratos
Breitman fez da fotografia o ofício central de sua vida e acumulou registros que preservam importantes momentos da capital gaúcha e seu passado. Foi a sua fotografia que ajudou, por exemplo, a consolidar figuras políticas que ficaram marcadas no famoso processo de modernização da década de 30.
Embora seja conhecido como um autor de retratos clássicos, Sioma Breitman também atravessou mudanças relevantes no processo profissional. Viu as máquinas de menor porte ganharem o mercado e exigirem do fotógrafo maior mobilidade. Um movimento que o fez sair do estúdio para as ruas. Por isso, em seus trabalhos há uma grande polivalência em que podem ser vistos, além dos retratos pessoais, também os retratos das vistas urbanas, das festas e dos casamentos da elite porto-alegrense, das peças teatrais que passavam pela cidade. Havia ainda os álbuns e sua constante participação em concursos de arte fotográfica.
Vivência e engajamento
Ao visitar a exposição, os visitantes podem ver o homem que viveu a Revolução de 1930 e que presenciou a Exposição de 1935. Foi dele também um grande número de registros da grave enchente de 1941. Destacou-se ainda como ator engajado, responsável por inúmeras atividades em torno da união de sua classe profissional para promover e defender a fotografia:
A classe profissional, a qual eu pertencia estava, praticamente desunida. Cada um via o seu colega como opositor, o qual estava, sempre pronto em tirar-lhe o pão de sua boca, dificultando deste modo a possibilidade em sustentar a sua família e, assim por diante. Uns poucos, entendiam que a aproximação e conseqüente união poderiam facilitar a solução de múltiplos problemas profissionais que afligiam e prejudicavam os lutadores, os fotógrafos, pois se tratava dessa classe profissional.
(BREITMAN, Sioma. Respingos de revelador e rabiscos. Porto Alegre: Irineu Breitman,1976)
A reportagem da exposição, apresentada pela lente de Carlos Edler, divulga essa importante iniciativa do Farol Santander. Uma sobreposição de imagens e de cidades que a Parêntese traz aos leitores como convite à mostra e pela importância de seu homenageado.
Texto de Ângelo Chemello Pereira
Sioma Breitman, o retratista de Porto Alegre
- De 18.01.22 até 24.04.22
- Farol Santander
- Aberto de terça a sábado das 10h às 19h. Domingos e feriados das 11h às 18h.