Revista Parêntese

Editorial 26: O combo da desgraça

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Editorial 26: O combo da desgraça Esses dias o Reinaldo José Lopes, excelente colunista de ciência da Folha de S. Paulo, expôs uma reflexão sobre a desgraça dos combos de consumo. É uma forçação de barra que empurra o sujeito a tomar o dobro do refri para supostamente levar a batata frita mais barato. Praga do consumismo. Daí ele sugeriu: pegue temas de altíssima relevância no momento atual. Criacionismo. Negacionismo de crimes históricos. Oposição aos métodos e resultados da ciência. Armamentismo. Ceticismo sobre mudança climática. Machismo. Racismo. Homofobia.  Pergunta de que lado está o presidente do Brasil. (Depois pensa de que lado está o teu coração. Pronto: feita a distinção.) Ele está do lado desse combo da desgraça.  De nossa parte, oferecemos um combo da inteligência e da empatia. Modéstia à parte, os colaboradores da Parêntese são um espetáculo neste número 26, que marca exato meio ano de vida da revista. Começamos pela estreia mundial de um folhetim porto-alegrense legítimo, escocês, paixão-cortesiano, roots: senhoras e senhores, Rafael Escobar deleita, educa e faz rir, de nervoso muitas vezes. Serão dez capítulos, começando por hoje, em que Jonas desfila pela geografia e põe em cena alguns tipos da cidade. De não perder. As fotos do Eduardo Nasi meio que tiram o fôlego – parece que a qualquer momento vai cair aquela pedra. O cartum do Edgar Vasques não deixa rir. As imagens do projeto da Plantabaja lembram das mãos nossas de cada atividade. Nosso repórter-desenhista, Pablo Aguiar, conversa com uma das heroínas de nosso tempo, a médica Mayara Floss. A reportagem vai até a beira do Guaíba, hoje em dia chamada de orla. Tem de tudo: a parte reformulada, que anda atraindo mais gente do que deveria, tem a parte em reformulação, tem o Cais, tem o Pontal. Essa riqueza da cidade, hoje alvo de tanta disputa, é o foco.  Na entrevista, uma visita cheia de novidade: conversamos com Aparecida Villaça, antropóloga, professora do Museu Nacional, uma das duas ou três mais importantes instituições brasileiras de pesquisa e pensamento sobre o mundo indígena. Com uma trajetória bastante singular – sua graduação foi em Biologia, para trabalhar com ecologia vegetal, vindo a pesquisar vida indígena no mestrado e no doutorado –, Aparecida está no miolo histórico de uma das mais importantes formulações recentes do pensamento antropológico mundial, o “perspectivismo ameríndio”. Tudo isso, e ainda é gente muito boa! Enquanto Arthur de Faria repassa outra parte da vida do grande Octávio Dutra e Cláudia Laitano visita o verbo “ressignificar”, muita tristeza corre por baixo de nossos pés: Zara Gerhardt ouve um suicídio e Nathallia Protazio completa um ano vivendo na capital gaúcha. José Falero descreve sua posição sobre ser negro. O ensaio de Gabriela Luft especifica e dá panorama amplo para a conversa sobre o ENEM, esse mecanismo que se tornou uma chave para a vida de centenas de milhares de jovens. O de Carlos Mosmann olha com detalhe e curiosidade para o caso da Feitoria do Linho Cânhamo, uma fazenda tocada por homens e mulheres, todos escravizados cuja história […]

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Esses dias o Reinaldo José Lopes, excelente colunista de ciência da Folha de S. Paulo, expôs uma reflexão sobre a desgraça dos combos de consumo. É uma forçação de barra que empurra o sujeito a tomar o dobro do refri para supostamente levar a batata frita mais barato. Praga do consumismo. Daí ele sugeriu: pegue temas de altíssima relevância no momento atual. Criacionismo. Negacionismo de crimes históricos. Oposição aos métodos e resultados da ciência. Armamentismo. Ceticismo sobre mudança climática. Machismo. Racismo. Homofobia.  Pergunta de que lado está o presidente do Brasil. (Depois pensa de que lado está o teu coração. Pronto: feita a distinção.) Ele está do lado desse combo da desgraça.  De nossa parte, oferecemos um combo da inteligência e da empatia. Modéstia à parte, os colaboradores da Parêntese são um espetáculo neste número 26, que marca exato meio ano de vida da revista. Começamos pela estreia mundial de um folhetim porto-alegrense legítimo, escocês, paixão-cortesiano, roots: senhoras e senhores, Rafael Escobar deleita, educa e faz rir, de nervoso muitas vezes. Serão dez capítulos, começando por hoje, em que Jonas desfila pela geografia e põe em cena alguns tipos da cidade. De não perder. As fotos do Eduardo Nasi meio que tiram o fôlego – parece que a qualquer momento vai cair aquela pedra. O cartum do Edgar Vasques não deixa rir. As imagens do projeto da Plantabaja lembram das mãos nossas de cada atividade. Nosso repórter-desenhista, Pablo Aguiar, conversa com uma das heroínas de nosso tempo, a médica Mayara Floss. A reportagem vai até a beira do Guaíba, hoje em dia chamada de orla. Tem de tudo: a parte reformulada, que anda atraindo mais gente do que deveria, tem a parte em reformulação, tem o Cais, tem o Pontal. Essa riqueza da cidade, hoje alvo de tanta disputa, é o foco.  Na entrevista, uma visita cheia de novidade: conversamos com Aparecida Villaça, antropóloga, professora do Museu Nacional, uma das duas ou três mais importantes instituições brasileiras de pesquisa e pensamento sobre o mundo indígena. Com uma trajetória bastante singular – sua graduação foi em Biologia, para trabalhar com ecologia vegetal, vindo a pesquisar vida indígena no mestrado e no doutorado –, Aparecida está no miolo histórico de uma das mais importantes formulações recentes do pensamento antropológico mundial, o “perspectivismo ameríndio”. Tudo isso, e ainda é gente muito boa! Enquanto Arthur de Faria repassa outra parte da vida do grande Octávio Dutra e Cláudia Laitano visita o verbo “ressignificar”, muita tristeza corre por baixo de nossos pés: Zara Gerhardt ouve um suicídio e Nathallia Protazio completa um ano vivendo na capital gaúcha. José Falero descreve sua posição sobre ser negro. O ensaio de Gabriela Luft especifica e dá panorama amplo para a conversa sobre o ENEM, esse mecanismo que se tornou uma chave para a vida de centenas de milhares de jovens. O de Carlos Mosmann olha com detalhe e curiosidade para o caso da Feitoria do Linho Cânhamo, uma fazenda tocada por homens e mulheres, todos escravizados cuja história […]

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