Revista Parêntese

Parêntese #114: Mutirão

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Parêntese #114: Mutirão

Varia bastante a forma: tem mutirão, a mais aceita das formas, mas tem muquirão, mutirom, muxirão, pixurum, puxirom, putirom e por aí vamos. Palavra nascida do tupi, ou pelo menos com alguma parte tupi, com registro escrito há relativamente pouco tempo (uns 150 anos), ela designa em qualquer de suas encarnações a mesma coisa: uma atividade coletiva, de gente que se envolve para viabilizar uma tarefa. 

Seu habitat de origem é o mundo rural tradicional, terra que se espalha pelo Brasil adentro e afora, lugar de indígenas e de caboclos, caipiras, gaúchos, seringueiros. Um vai fazer a casa, os amigos e vizinhos organizam um mutirão pra ajudar; outro vai colher e não tem braços suficientes, vem o povo todo e ajuda. 

Mutirão é o que a gente vê nas imagens do Alaas Deriva e lê no texto informativo da Aldeia Konhun Mág e Teia dos Povos, dando conta de um mutirão entre gente Kaingang. Gente aqui, nossa vizinha – ou, para fazer justiça histórica, gente que nos acolheu em sua terra, nós os que viemos depois, eles os habitantes anteriores. 

A edição 114 traz o começo de um novo folhetim, desta vez uma talvez ficção científica, ou algo próximo a isso. A autora é a Taiasmin Ohnmacht, que foi entrevista brevemente pela Nathallia Protazio para contar um pouco de sua história. Ao longo desta e das próximas nove edições, teremos tempo de saber como a personagem se saiu, a partir da perplexidade desse primeiro capítulo.

O ensaio de fotos é assinado pelo Flávio Wild, colaborador nosso que outras vezes já nos levou a cenas lindas e que agora nos conduz ao interior de um velho e lindo prédio porto-alegrense em vias de mudar completamente seu jeito e sua função. 

Fernando Seffner, que anda sozinho incansavelmente pelas ruas da cidade, traz hoje uma coleção de prédios nomeados com termos relativos aos astros. E Arnoldo Doberstein nos conta do antigo Seminário católico construído junto à Catedral, hoje um prédio histórico de grande valor. E a Grazi Fonseca comparece com sua melancólica mas esperançosa tirinha.

Luiz Mauricio Azevedo se despede da atividade crítica – ao menos por enquanto – depois de ter sido atacado violentamente por um mutirão do mal, que o cancelou nas redes depois de ele ter publicado uma resenha crítica de certo livro. Como fazer nessa hora? Talvez seja o caso de um mutirão do bem, para convencer nosso bom parceiro a rever sua decisão – mas por ora, ouçamos sua tristeza, que vem envolta em uma análise crua e dura de nossos dias.  

Marcelo de Jesus nos conta da iniciativa chamada “Pelada musical”. Já ouviu falar? É de conferir. Talvez desse para chamar de mutirão também essa linda prática. Enquanto isso, Zara Gerhardt oferece uma crônica em que repassa a realidade de uma mulher madura que passou pela covid sem que a covid tenha ido totalmente embora. E a Mariana Ferrari conta uma cena inusitada de seu avô, entre a tecnologia de última geração e a memória de tempos idos.

Finalmente, em dois textos homenageamos a memória de Mauro Soares. Ator de longa carreira no teatro, uma figura conhecida e respeitada por todos, um crítico capaz de grande finesse e imenso deboche, ele faleceu esta semana. Luciano Alabarse, seu velho amigo, e Roger Lerina, nosso parceiro de trabalho e autor da biografia do Mauro, nos contam algo dele, que carrega consigo uma parte forte da memória das artes de palco. 

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