Revista Parêntese

Parêntese #123: Ativismo

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Parêntese #123: Ativismo

Quem sempre teve todas as refeições e todas as necessidades básicas atendidas, sem nunca precisar explicar ou defender sua mera existência como um valor, esse alguém é um privilegiado. Eu sou, talvez o leitor também seja. 

Gente como eu não costuma ter a necessidade de lutar pelo ar que se respira ou pela dignidade de ser bem aceito. Não quer dizer que eu não tenha trabalhado bastante na vida – eu trabalhei e trabalho duro. Mas trabalho em coisa que escolhi. Eu vivo no reino da liberdade. 

Agora pensa na Jaque, essa figura que o Carlos Caramez entrevistou, que a Míriam Fichtner fotografou e a Parêntese 123 estampa. Escuta as palavras dela, o relato de vida. A luta pela dignidade básica, elementar, aquela que para mim veio junto com a mamadeira e a pele branca, essa luta virou para a Jaque um estilo de vida – daí o ativismo. Ativismo de que gente como eu pode abrir mão, e que a educadora, ativista, mãe, rapper, figura pública chamada Jaque, ou Negra Jaque, transformou em liberdade, a partir da necessidade.

Tem a ver, aliás, com o folhetim da Taiasmin Ohnmacht, que se encerra hoje. Uma distopia tão parecida com a vida de hoje, uma narrativa que conecta uma hipotética segunda epidemia de coronavírus com a conquista da dignidade para as personagens que hoje deixam de figurar aqui. Ciência moderna e ao mesmo tempo racismo: como pôde a Taiasmin tramar essa história? É ler para ver.

Um luxo de quatro textos autorais solo nos acompanha na 123. Maria Cláudia Cachapuz relata uma situação, entre real e ficcional, em que uma mãe precisa lidar com a doença inesperada do filho em terra estranha. Lúcio Carvalho evoca a figura da “cativa”, a mulher branca roubada por indígenas nos tempos da colonização desta parte do continente – figura que aparece na ficção argentina, no passado e no presente, mas é ilustre ausência no Brasil. 

Nosso parceiro Fernando Seffner oferece uma fatia de suas memórias em Porto Alegre, em passeios que certamente compartilha com muitos de nós. E o Jackson Raymundo, que aparece pouco em nossas páginas, volta com o retorno do carnaval – no primeiro de dois textos seus, ele nos conta dos enredos dos grupos de acesso dos desfiles porto-alegrenses. 

Como se fosse pouco, temos ainda nossas séries – Arnoldo Doberstein continua apresentando história e representações, dessa vez com a fundação do Grêmio Gaúcho, o Carlos Scomazzon segue no relato das Memórias da epilepsia, que encantam na mesma medida em que mergulham no abismo dessa dura experiência, e a Ana Marson prossegue em seu périplo europeu, sempre aparelhada da visão irônica, aquela que nos salva da caretice, graças aos bons deuses. 

Arthur de Faria ingressa em outro tempo, em sua história da música em Porto Alegre. Agora, entra em cena a Era da Televisão, que revolucionou para sempre o que se conhecia até então. Com vocês, os famosos anos 60!

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