Revista Parêntese

Parêntese 49: Vai uma igreja nova aí?

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Parêntese 49: Vai uma igreja nova aí?

Pouco mais de dez anos atrás, Hélio Schwartsman liderou uma experiência que, assim que li, entrou para o repertório de espantos que mantenho comigo, mais ou menos como um nobre medieval mantinha uma reserva de caça – para ir lá de vez em quando se divertir e pensar na vida.

É que ele inventou e registrou uma igreja. Exatamente isso: a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio. Exatamente isso. É uma daquelas piadas que eu gostaria de ter inventado, sendo ao mesmo tempo uma forma inesperada de excelente jornalismo. Anticelebrando os onze anos da empreitada, conversamos com o autor, também conhecido nos papéis de registro como Deus Hélio. E o Ângelo Chemello Pereira deu uma passeada pelos estatutos da instituição, dando uma pequena amostra do que há no processo dessa Igreja.

Mas tem celebração festiva também: saudamos a vitória esmagadora e exemplar da convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva no Chile. O sociólogo chileno Alexis Cortés escreve com exclusividade uma análise do processo.

 (Para os mais novos, uma lembrança embalada em mágoa: na redemocratização brasileira, virada dos anos 70 para os 80, também no Brasil havia a tese de uma Assembleia Constituinte exclusiva, convocada para esse fim específico – e foi derrotada pelo pragmatismo brasileiro, que misturou alhos, bugalhos e outras rimas que não sabe citar num órgão – epa – de família como este. Deu meio certo.)

 Outra celebração, menos estridente mas igualmente profunda, vem no texto do Juarez Fonseca. Jornalista cultural como nenhum outro de sua geração, ao menos nas terras sulinas, ele celebra 50 anos de profissão neste ano pandêmico e prepara livro com algumas das centenas de entrevistas que fez ao largo da carreira, especialmente com gente da música no país. Aqui, sua memória gira em torno de três mulheres decisivas da história da cultura brasileira moderna – Rita Lee, Nara Leão e Elis Regina, que ainda não precisam de apresentação. 

 (Ou será que já precisam? Tempus fugit, como diz o outro, o latino.)

As fotos da Tuane Eggers têm um quê de misterioso, de obscuro, até de proibido, ao darem palco para fungos, que vistos de perto são… misteriosos, obscuros e proibidos – por isso mesmo fascinantes. 

 Em estreia mundial, uma nova tirinha, de parceria que já está no mundo, entre o Christian David e o Ernani Cousandier, agora tendo como protagonista o busto do mitológico presidente Badanha. Sabe ele? 

 (Ainda se usa falar na mãe dele em Porto Alegre e arredores? El tiempo pasa, nos vamos poniendo viejos, como diz a outra, a argentina.)

Júlia Dantas alcança o capítulo 7 da história de Lúpino e Domingos. Arthur de Faria conta do Edu da Gaita, um jaguarense de talento. Cláudia Laitano vem com um futurismo que já entra na ordem do dia. (Viu a nova série de palavras que o Diego Lops acrescenta ao seu magnífico Magrafo? Saiu na quarta, na Matinal. Olha lá.

José Falero envereda por uma história que vai de gato assado a um policial fantasiado, passando por briga de gangue e algo mais. Nathallia Protázio se vê numa faxina, dessas que valem para a casa e a alma. E Cristiano Fretta avança para a segunda parte da história do Apolinário Porto Alegre – este, é certíssimo que precisa explicar quem é, porque para ele o tempo se foi, e a posteridade (isto é, o leitor, a leitora e eu) não soube tratá-lo como devia. 

Porque os tempos estão mudando. Ou the times, they are a’changing, como diz o outro, o bardo nobelizado. Como sempre, aliás.

A seção Relampo, enquanto isso, fazendo luz.

Luís Augusto Fischer

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