Parêntese 51: Escrito nas Estrelas
Ora, direis, ler estrelas! Tanta coisa aqui embaixo e nossa entrevistada pensando em astros, conjunções, oposições, sinastrias, coisa e tal?
Só te digo uma coisa: primeiro lê a conversa que tivemos com a Amanda Costa, e depois me diz. A Amanda, com esse nome no gerúndio, é bem uma prova do movimento da vida – doutora em Literatura, pensa sobre a vida real aqui perto, com o auxílio dos astros, lá longe. Com delicadeza, com humanidade, com amor.
O gerúndio da Amanda é também nosso: estamos em trânsito para amanhã, domingo, teremos a votação, momento alto da democracia representativa, que nos interessa cultivar e desenvolver. Tem limites? Mas é claro. Pode ser fraudada? Mas que dúvida. Pode resultar na eleição de um equivocado, um inábil, um maluco? Nem me fala.
Queremos o melhor para a cidade, para qualquer cidade.
Queremos a leveza estranha da relação entre o Lúpino e o Domingos com a concretude urbana, como Julia Dantas está nos contando, no folhetim, em seu penúltimo capítulo.
Queremos fazer o luto pelas perdas, pessoais e intransferíveis como a que o José Falero nos relata, em texto que funde pessoa e geografia urbana e convoca nossas entranhas mais profundas.
Queremos celebrar grandes figuras da cidade, como o Fraga, que o Vinicius Rodrigues nos apresenta.
Queremos preservar criticamente a memória, arrancá-la ao conservadorismo como pretendia Walter Benjamin, como fazem o Arthur de Faria com mais uma fatia da Era do Rádio e o Frederico Bartz com as associações de trabalhadores no bairro Floresta do passado.
Queremos discutir o presente, como faz a Cláudia Laitano em mais um termo de nossa estranha era, como faz a Maria da Graça Rodrigues exorcizando mais uma vez o estupro “culposo” desses dias.
Queremos a beleza singela que a Grazi Fonseca enxerga na vida, queremos voar pela cidade para vê-la de novo e sempre, como fazem as fotos do Omar Freitas Júnior, com apresentação da Marcela Donini.
Bom voto.
Luís Augusto Fischer