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As realidades paralelas do Pixo e do Grafite no Goethe Institut

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As realidades paralelas do Pixo e do Grafite no Goethe Institut
Com curadoria de Laymert dos Santos, a exposição “Pixo/Grafite: Realidades Paralelas” apresenta obras dos artistas Rafael Pixobomb e Amaro Abreu, e busca colocar em diálogo duas produções artísticas que se originam no grafite e no pixo. No dia da abertura, 22 de março (quinta-feira), às 19h, Pixobomb e Amaro realizam um bate-papo com o curador Laymert dos Santos e a mestra em História, Teoria e Crítica de Arte Adauany Zimovski. O interesse da confrontação consiste em expor face a face trabalhos que se fundamentam em diferentes concepções sobre o modo de intervenção no espaço urbano e arquitetônico. Além de apresentarem vídeos, pinturas, gravuras e desenhos na galeria do Goethe-Institut Porto Alegre, os artistas realizam também uma intervenção no muro do Instituto. Texto do curador Laymert Garcia dos Santos* São conhecidas as divergências a separar as tribos urbanas que praticam a pichação e o grafite: a primeira vem da periferia, é ilegal e transgressora, se expressa através da escrita, e não se considera arte; a segunda vem da classe média, vê o pixo como vandalismo, se expressa através da imagem e reivindica o estatuto de arte. Mas, apesar da rivalidade dentro da street art, há um ponto de convergência: ambos criam realidades paralelas na superfície das cidades. Para fazer ver como isso acontece, escolhemos confrontar um artista do pixo de São Paulo, Rafael Augustaitiz, a um artista do grafite de Porto Alegre, Amaro Abreu. Ambos são jovens cuja produção está nas ruas dessas capitais, mas não só – também se expressam em outros suportes, com outros materiais, sob a forma de desenhos, pinturas, vídeos… O pixo de Rafael Augustaitiz é realidade paralela porque sua produção se apropria de São Paulo para criar uma cidade fantasma, invertida, refletida no espelho do demônio. Sob a ótica do apocalipse, do 666, signo da Besta, do pentagrama de ponta-cabeça, procura-se instaurar a metrópole do mal, em resposta à banalidade da injustiça e da desigualdade estabelecidas. Nesse sentido, a própria São Paulo, seu urbanismo e seus edifícios servem de base para a passagem para um realidade outra. Pois a estratégia de Rafael Augustaitiz consiste em enfrentar, literalmente, sua cidade, para arrancar de dentro dela o seu avesso. Na intervenção do pichador a metrópole é transfigurada; já no trabalho de Amaro Abreu transfigurados são os humanos. Agora trata-se de uma outra espécie que vem povoar os muros da cidade, negando a própria vida urbana, tal como a conhecemos. Tais seres pertencem a uma realidade paralela surreal cuja existência efêmera, inconsistente, prestes a colapsar, pretende solapar pelo caráter onírico a crueza da selva urbana. Assim, Amaro Abreu filia-se à linhagem dos grafiteiros que buscam inserir no cotidiano não a cidade fantasmagórica, mas a existência diáfana de gnomos, monstros, híbridos. Agora o centro urbano não é mais invadido por signos crípticos, mas por uma população larvar que o filósofo Etienne Souriau qualifica como “existências mínimas”. *Laymert Garcia dos Santos é professor titular do departamento de Sociologia/IFCH da Universidade Estadual de Campinas, foi conselheiro do CNPC do Ministério da Cultura […]

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