Agenda | Notas | Teatro

Camarim em Cena com Grace Passô

Change Size Text
Camarim em Cena com Grace Passô Foto: Lucas Avila/Divulgação

A atriz, diretora e dramaturga Grace Passô é a convidada da quarta temporada da versão online do Camarim em Cena. Com mediação da crítica teatral Beth Néspoli, o episódio estará disponível no site neste sábado (15/8), às 14h. As duas conversam sobre diversos assuntos como a infância de Grace, os livros e autores que despertaram nela o interesse pela leitura e escrita, os grupos de teatro pelos quais passou, os temas abordados em suas obras.

Pensando no camarim como um espaço de passagem, de preparação para o que está por vir em seguida, Grace relembra a infância e a família e a importância que as vivências com ela tiveram para chegar no lugar que ocupa hoje. “A minha família sempre teve uma sensibilidade muito grande para as artes, apesar de ninguém ser artista”, explica. “Sempre se ouviu música na minha casa e, por parte das minhas irmãs, sempre houve uma relação muito viva com a literatura”, fala. “Tive a sorte de ter irmãs que liam para mim, me contavam histórias. Existia um empenho muito grande da minha família de me fazer ser familiar a alguns nomes da literatura, como também da pintura.”

Conta que não tinha o hábito de fazer anotações em diários quando criança e que, antes de aprender a escrever, olhava para as letras e achava impossível um dia conseguir. Porém, foi perto dos 15 anos que teve contato com o livro Primeiras Histórias, de Guimarães Rosa, e tudo mudou. “Alguma coisa aconteceu comigo”, revela. “Eu me encantei e me senti confortável dentro de uma linguagem que me parecia inventada. Consegui acessar memórias muito profundas, passei a ter mais liberdade no ato de escrever”, diz. “De alguma forma, foi um farol pra mim no jeito que eu me relaciono com a linguagem artística de um modo em geral.” Grace também cita Carolina de Jesus e Clarice Lispector como grandes influências, inclusive responsáveis pela expansão da sua percepção como mulher no mundo.

Com textos publicados, até mesmo em outros idiomas – francês, espanhol, inglês, polonês e mandarim –, a dramaturga reflete sobre os signos que se repetem em sua obra, a exemplo da procura da figura paterna ou um pai sempre falado, que não se vê, como acontece nas peças Amores Surdos e Por Elise, devido à perda precoce de seu pai após cinco dias de nascida. “Quando você trabalha com a arte, algumas coisas começam a ser recorrentes no que faz”, afirma. “Não tem uma peça que eu escreva que não tenha um animal, por exemplo, e alguns signos têm esse poder de dar a dimensão do inominável com mais nitidez. Talvez, eu tenha escolhido inconscientemente os animais por isso.”

sábado, 15 de abril de 2024 | 14h00

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?