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Exposição homenageia os 100 anos de Paulina Laks Eizirik na Gravura Galeria de Arte

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Exposição homenageia os 100 anos de Paulina Laks Eizirik na Gravura Galeria de Arte Cartaz "100 anos de Paulina Laks Eizirik"/Divulgação

Em junho comemora-se os 100 anos de Paulina Laks Eizirik, artista plástica que começou a sua trajetória em Porto Alegre na década de 30, após escapar da intolerância do nazismo vivido na Polônia. A Gravura Galeria de Arte vai inaugurar nesta quinta-feira (17/6) a exposição 100 anos de Paulina Laks Eizirik

Parte da renda será doada a entidades beneficiadas pela organização feminina WIZO-RS. A visitação acontecerá até 26 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 18h30 e aos sábados, das 9h30 às 13h30.

Na mostra, serão expostas 11 pinturas e 15 gravuras. Todas as obras terão 50% de desconto presencialmente ou no site da Galeria. Os clientes que adquirirem exemplares ganharão um brinde muito especial: um livro da artista, que conta a sua história e a de seu trabalho em desenhos, gravuras e pinturas. A artista seguiu produzindo até 2013, ano em que veio a falecer.

A história do nazismo e as faces da intolerância vivenciadas por Paulina na infância, assim como o vazio dos desaparecimentos, apagamentos, e a importância das mulheres para nossa sobrevivência, eram repetidas ano a ano através dos almoços e jantares em sua casa, e também através das imagens que ela pintava.

Conforme Daniel Eizirik, neto de Paulina e também artista, “A casa da minha avó era considerada um ambiente acolhedor, repleto de imagens — havia pinturas até no banheiro para esconder o encanamento — cheio de livros, discos de klezmer e black spirituals, materiais de desenho, e comidas saborosas. Além de preencher todas as paredes da casa, a pintura trouxe outras transformações para a vida de Paulina. Com seu estilo de desenho, corpos em curvas e contornos fortes, começou a transitar no meio artístico da cidade nos anos 80, passou a ter amigos homossexuais, passou a receber sessões de modelo vivo nu em casa com as amigas, e pouco a pouco ela deixava de ser apresentada como “a esposa de Moysés”. Nas oficinas e exposições em que eles iam, já se escutava “ah, esse que é o marido de dona Paulina”.

Sua pintura foi classificada como “arte Naif” — título que a colocava junto de artistas de renome. “Naif é arte ingênua, e eu estudei muito para fazer o que faço”, dizia. Começou a carreira em uma fase de cores pastel, com cinza, ocre, marrom, verde oliva; depois foi passando para uma pintura mais festiva, mais alegre. Nos anos 2000, já usava cores vivas, azul, muito azul, temáticas de dança, música e rezas de paz.

Obra de Paulina Laks Eizirik. Foto: Cristina Mbarbieri/Divulgação

Em 2014, o neto e também artista Daniel Eizirik, organizou uma exposição na Usina do  Gasômetro junto à prefeitura, como um ‘colorido rito de passagem’, onde se apresentava a trajetória da pintura misturada com fotos e objetos de sua casa. “Me dediquei muito para aquele evento, e o livro de visitas da exposição trazia pérolas e pérolas das pessoas que lembravam de causos e de gente que tinha uma boa experiência na visita”, explica o neto.

Sobre a artista

Paulina Laks Eizirik nasceu em Varsóvia em 20.05.1921 e escapou da intolerância do nazismo através da intuição de sua mãe, vindo com a irmã, o irmão e seus pais a bordo do navio Jamaica para Porto Alegre na década de 1930. Em seguida, Varsóvia foi palco para o terrível gueto e também para o maior levante civil contra o regime nazista, mas todos seus parentes que ficaram por lá desapareceram. Já Porto Alegre virou palco para seu refúgio, seus estudos escolares e universitários, Paulina e sua irmã foram as primeiras mulheres formadas dentistas pela UFRGS.

quinta-feira, 17 a 17 de junho de 2021

Gravura Galeria de Arte (Rua Coronel Corte Real, 647 - Petrópolis)

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