Artes Visuais | Reportagens

10 exposições imperdíveis em Porto Alegre no mês de fevereiro

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10 exposições imperdíveis em Porto Alegre no mês de fevereiro Detalhe de Sem Título (2020), de Santídio Pereira. Foto: João Liberato

A programação de artes visuais de Porto Alegre está repleta de exposições para quem deseja visitar os museus da cidade no mês de fevereiro. Duas delas – A Espessura do Tempo, de Clóvis Martins Costa, no MACRS, e Lugar Sem Lugar, de Lucas Arruda, na Fundação Iberê – estão em seus últimos dias, somente até domingo (6/2).

A mostra Incisões, Recortes e Encaixes, de Santídio Pereira, será inaugurada neste sábado (5/2), às 14h, no Iberê, e outras tantas seguem em cartaz ao longo das próximas semanas. Confira o compilado de 10 exposições que reunimos para você se programar e visitar.

“A Espessura do Tempo”, de Clóvis Martins Costa, no MACRS

“Z3 Arapuca” e “Z3 Desnível” (2021), de Clóvis Martins Costa. Foto: Ricardo Romanoff

Os últimos dias da exposição A Espessura do Tempo, em cartaz até domingo (6/2) no MACRS, são uma oportunidade para conhecer as obras e processos de Clóvis Martins Costa. “Desde meados de 2000, venho experimentando incursões em paisagens de litoral, que resultam em pinturas, vídeos, textos e um banco de imagens dessas experiências”, conta o artista.

Um dos principais procedimentos de Costa envolve estender tecidos às margens de corpos d’água como o Guaíba, em Porto Alegre, e a Lagoa dos Patos, na praia do Laranjal, em Pelotas, cidade onde o artista reside. Após deixar os suportes em contato com a areia e a água – inclusive enterrando-os por alguns dias –, o artista fixa parte da matéria coletada no local com cola e emulsão acrílica, para então transformar os tecidos em telas de pintura.

“O tempo – esse conceito abstrato tão associado aos instrumentos de medição, como calendários e relógios – foi o ponto nuclear das nossas reflexões. Falar em ‘espessura do tempo’ significa, nesse contexto, a condensação de experiências que se dão psicológica e fisicamente, e resultam em obras que exigem dedicada atenção por parte do observador”, aponta Neiva Bohns, curadora da exposição, que concebeu a mostra em parceria com Costa ao longo de dois anos. As obras “são dotadas de tamanha densidade que podem ser entendidas como partes de um universo muito maior, sempre em transformação, feito de matérias e de memórias, que não se deixa apreender de maneira instantânea”, completa Bohns.

Entre os mais de 20 trabalhos que integram a exposição – em sua maioria, pinturas –, destaque também para Flotilha (2021), que consiste em restos de embarcações dos quais o artista se apropria, revelando um desdobramento escultórico do projeto.

Quando: até 6 de fevereiro de 2022
Onde:
galeria Xico Stockinger, no 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736)
Visitação:
segunda a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita

“Terreal”, de Dione Veiga Vieira, no MARGS

Foto: Dione Veiga Vieira

As relações entre arte e natureza, situando artistas entre o ateliê e espaços externos, também estão presentes em Terreal, exibida no MARGS até 17 de abril. A mostra apresenta mais de 40 obras produzidas por Dione Veiga Vieira desde meados do ano 2000, marco de transição da ênfase na pintura para a adoção de linguagens como instalação, vídeo e fotografia.

“Quando larguei a pintura definitivamente, tudo virou ateliê para mim. Ao explorar mais a fotografia e os objetos, meu pensamento foi mudando. Comecei a trabalhar ideias relacionadas ao corpo e à natureza, sempre com a carga evocativa dos materiais. O mundo à minha volta se transformou no substrato da minha produção”, reflete a artista.

Curadores da mostra, Francisco Dalcol – diretor-curador do MARGS – e Fernanda Medeiros – curadora-assistente do museu – destacam o modo como os trabalhos formam uma grande unidade instalativa em Terreal: “A exposição pode ser compreendida em seu conjunto como uma ampla instalação composta por diversos e distintos trabalhos, todos convocados à maneira como a expografia foi concebida, como se a artista se apropriasse das próprias obras para dar a ver uma outra obra” – relembre nossa matéria sobre a exposição.

Quando: até 17 de abril de 2022
Onde:
galeria Iberê Camargo e sala Oscar Boeira, no 2º andar do MARGS (Praça da Alfândega, s/n)
Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h30)
Entrada gratuita

“Coleção Sartori – A Arte Contemporânea Habita Antônio Prado”, no MARGS

Pintura de Xadalu na galeria central das Pinacotecas do MARGS. Foto: Ricardo Romanoff

Ocupando todo o primeiro andar do MARGS, a exposição Coleção Sartori – A Arte Contemporânea Habita Antônio Prado apresenta um amplo panorama da arte contemporânea brasileira. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra reúne mais de 250 obras de 114 artistas, pertencentes ao acervo do empresário e colecionador Paulo Sartori, com sede em Antônio Prado (RS).

As reflexões sobre a história do país – em processos que vão da violência colonizadora contra os povos indígenas e negros escravizados até o autoritarismo do regime militar – compõem um dos principais eixos da exposição, que também apresenta obras de expoentes da Geração 80, os desdobramentos da Pop Art no Rio Grande do Sul e trabalhos que abordam a visibilidade e opacidade das imagens – leia a reportagem sobre a exposição.

A vasta lista de artistas da mostra inclui nomes como: Adriana Varejão, Carlos Pasquetti, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Karin Lambrecht, Leandro Machado, Lia Menna Barreto, Lucia Koch, Marina Camargo, Mário Röhnelt, Nelson Leirner, Regina Silveira, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Tunga, Vera Chaves Barcellos, Waltercio Caldas e Xadalu.

Quando: até 1º de maio de 2022
Onde:
Pinacotecas, Sala Aldo Locatelli e Salas Negras do MARGS, no 1º andar do museu (Praça da Alfândega, s/n)
Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h30)
Entrada gratuita

“Santídio Pereira – Incisões, Recortes e Encaixes”, na Fundação Iberê

Sem Título (2017), de Santídio Pereira. Foto: João Liberato

A Fundação Iberê inaugura neste sábado (5/2), às 14h, a exposição Santídio Pereira – Incisões, Recortes e Encaixes, com 22 obras que resgatam a infância do artista no povoado de Curral Comprido, no Piauí. Será a primeira mostra individual em museu de Pereira, que aos 26 anos apresenta trabalhos em xilogravura e impressões offset, com destaque para as séries Pássaros (2018) e Bromélias (2019).

“O artista acrescenta seu conhecimento de marcenaria para recortar peças que depois serão encaixadas como em um quebra-cabeça. Estas modificações técnicas e processuais não ocorreram de uma vez, mas em pequenos passos experimentais que podem ser apreciados como num fluxo nas próprias gravuras: das incisões para os recortes, e dos recortes para os encaixes”, destaca o curador Ricardo Sardenberg, que assina um dos textos do catálogo da exposição.

Nesta quinta-feira (3/2), a Fundação Iberê e o Instituto Ling dão início a uma série de bate-papos sobre as exposições que o Iberê exibe em 2022, recebendo Pereira, Sardenberg e a galerista Vilma Eid, em evento híbrido, no Ling, às 19h.

Quando: até 1º de maio de 2022
Onde:
2º andar da Fundação Iberê (Avenida Padre Cacique, 2000)
Visitação: quinta-feira a domingo, das 14h às 18h
Entrada gratuita às quintas; ingressos à venda para visita de sexta-feira a domingo na plataforma Sympla (com desconto de 50% até 6 de março)

“Lugar Sem Lugar”, de Lucas Arruda, na Fundação Iberê

Sem Título (da série Deserto-Modelo), 2020, de Lucas Arruda. Foto: Everton Ballardin

Outra estreia individual em museus do país é a exposição Lugar Sem Lugar, de Lucas Arruda, em cartaz somente até domingo (6/2) na Fundação Iberê, reunindo 70 obras produzidas entre 2009 e 2021. Um dos artistas brasileiros mais valorizados da atualidade, Arruda tem como elemento marcante de suas pinturas linhas que remetem a horizontes.

Curadora da mostra, Lilian Tone observa que “como espectadores, tendemos a atribuir sentido a qualquer marquinha num espaço aberto, a imediatamente interpretar uma linha horizontal como uma linha de horizonte, a enxergar nuvens nas mudanças de direção de pinceladas, ou a ver um chão de terra numa camada grossa de impasto”.

Na leitura de Arruda – relembre a matéria aqui –, “o horizonte separa o que pertence a cada lugar, o que é meu e o que não é, o que está dentro e o que está fora, acima e abaixo, e diferencia o real da fantasia. Nesse sentido, acho que traçar a linha do horizonte é meio como organizar o mundo”.

Quando: até 6 de fevereiro de 2022
Onde:
3º andar da Fundação Iberê (Avenida Padre Cacique, 2000)
Visitação: quinta-feira a domingo, das 14h às 18h
Entrada gratuita às quintas; ingressos à venda para visita de sexta-feira a domingo na plataforma Sympla (com desconto de 50% até 6 de março)

“Na Membrana do Mundo”, de José Resende, na Fundação Iberê

Sem Título (1977), de José Resende. Foto: Instituto José Resende

No quarto andar da Fundação Iberê, a exposição Na Membrana do Mundo exibe 18 esculturas de grandes dimensões de José Resende, um dos mais importantes artistas do país, que tem como procedimento característico a apropriação e ressignificação de materiais. Pela primeira vez, um conjunto significativo de obras de Resende é apresentado em Porto Alegre.

“Se na vida diária as nossas retinas são inundadas por imagens que parecem aportar mais certezas do que dúvidas, com cada trabalho de Resende ocorre o inverso. Diante deles uma espécie de desconcerto nos atravessa e somos interrogados por aquela forma que não encontra paralelo no mundo”, destaca Luisa Duarte, curadora da exposição.

Quando: até 6 de março de 2022
Onde:
4º andar da Fundação Iberê (Avenida Padre Cacique, 2000)
Visitação: quinta-feira a domingo, das 14h às 18h
Entrada gratuita às quintas; ingressos à venda para visita de sexta-feira a domingo na plataforma Sympla (com desconto de 50% até 6 de março)

“60 Anos no Futuro: Atelier Livre e o Artista-Professor”, na Pinacoteca Aldo Locatelli

Sem Título (1979), de Britto Velho. Foto: Divulgação SMC Porto Alegre

Em 2021, o Atelier Livre Xico Stockinger da prefeitura de Porto Alegre completou seis décadas de atuação como um dos principais espaços de formação e encontro das artes visuais do estado. Para celebrar essa trajetória, a Pinacoteca Aldo Locatelli exibe até 25 de fevereiro a exposição 60 Anos no Futuro: Atelier Livre e o Artista-Professor.

“O Atelier teve dificuldades em ser sonho, sempre foi sólido, sempre a mão na pedra, no metal, no desenho, o avental empoeirado, o suor, a aspiração e muita, muita inspiração. É quase impossível hoje, quando lançamos o olhar a partir do presente, ver a arte produzida na cidade ao longo dos últimos 60 anos, sem encontrar a marca ou a influência do Atelier Livre”, destaca o texto curatorial da exposição.

A mostra reúne trabalhos de técnicas e temáticas variadas concebidos por 35 artistas-professores, entre os quais Ana Flávia Baldisserotto, Britto Velho, Danúbio Gonçalves e Vasco Prado.

Quando: até 25 de fevereiro de 2022
Onde:
Pinacoteca Aldo Locatelli (no Paço Municipal, na Praça Montevidéu, 10)
Visitação: segunda a sexta-feira, 9h às 12h e 13h30 às 17h
Entrada gratuita

“O Rio, a Nuvem, o Arquipélago e a Árvore”, de Mauro Fuke, no Instituto Ling

“Árvore” (2020-2021), de Mauro Fuke. Foto: Viva Foto

Quatro esculturas em madeira compõem a exposição O Rio, a Nuvem, o Arquipélago e a Árvore, de Mauro Fuke, no Instituto Ling. “É uma mostra pensada para o ambiente expositivo, com suas dimensões reduzidas, e marcada pela clareza com que as peças são apresentadas ao público”, afirma Neiva Bohns, curadora da exposição.

No minidocumentário sobre a mostra, Fuke observa que se interessa sobretudo pela consistência da madeira, “se ela é muito dura ou macia, se vai me permitir fazer o volume que eu quero”. “É uma característica do meu trabalho o acúmulo de gestos, até a madeira adquirir aquela superfície limpa”, completa o artista.

Também é possível conhecer um pouco mais dos processos de Fuke em seu estúdio, em Eldorado do Sul, no curta Gesto Invisível (assista a seguir), dirigido pelo realizador Caio Amon, e no bate-papo promovido pelo Ling entre Fuke, Bohns e Amon.

Quando: até 12 de fevereiro de 2022
Onde:
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440)
Visitação: segunda a sábado, das 10h30 às 20h
Entrada gratuita

[Continua...]

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