Artes Visuais | Notas

Exposição sobre o cotidiano na Rocinha chega à Fundação Iberê

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Exposição sobre o cotidiano na Rocinha chega à Fundação Iberê Foto: Imprensa Fundação Iberê/Divulgação

A Fundação Iberê abre no dia 17 de outubro a exposição Pardo é Papel, do jovem artista carioca Maxwell Alexandre.

A mostra – promovida pelo Instituto Inclusartiz, de Frances Reynolds – foi inaugurada com sucesso em novembro de 2019, no MAR (Rio de Janeiro), onde alcançou o feito de receber mais de 60 mil visitantes. Aos 29 anos, Maxwell retrata em sua obra uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.

— Ao visitar a exposição de Maxwell Alexandre no MAR, tive a certeza da importância de Pardo é Papel em Porto Alegre pela visão social de sua obra e, também, pela oportunidade de abrir nossas portas à nova geração de artistas que se destacam internacionalmente — destaca Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê. 

Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, o artista carioca apresenta Pardo é Papel no Brasil após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França. Resultado de uma residência na Delfina Foundation promovida pelo Instituto Inclusartiz, em Londres, a mostra tem patrocínio do Grupo PetraGold.

O início de Pardo é Papel remete a maio de 2017, quando o artista pintou alguns autorretratos em folhas de papel pardo perdidas no ateliê. Nesse processo, além da sedução estética potente, ele percebeu o ato político e conceitual que está articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude.

 — O desígnio pardo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidades de negros do passado, foi necessário para o processo de redenção, em outras palavras, de clareamento da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com a internet, os debates e tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a exercer sua voz, a se entender e se orgulhar como negro, assumindo seu nariz, seu cabelo, e construindo sua autoestima por enaltecimento do que é, de si mesmo. Este fenômeno é tão forte e relevante, que o conceito de pardo hoje ganhou uma sonoridade pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema, afinal, Pardo é Papel  — ressalta Maxwell.

 

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