O suspense italiano O Labirinto (2019) estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (12/8). O filme é dirigido pelo escritor italiano Donato Carrisi, que partiu de sua obra L’Uomo del Labirinto para criar esse filme que mistura policial e terror, e é estrelado por dois atores consagrados: o oscarizado norte-americano Dustin Hoffman e o italiano Toni Servillo – melhor ator europeu por A Grande Beleza (2013).
Em sua segunda incursĂŁo na direção apĂłs A Garota da NĂ©voa (2017) – outro suspense tambĂ©m protagonizado por Servillo –, Carrisi explica que seu objetivo sempre foi escrever livros que se parecem com filmes e filmes que se parecem com livros: “Com meus romances, tento evocar imagens na mente dos leitores, por isso, meus filmes vĂŁo alĂ©m daquilo que Ă© possĂvel ver na tela. Acredito no poder evocativo de uma histĂłria. Faço o invisĂvel tĂŁo importante quanto o visĂvel”.
Em O Labirinto, Bruno Genko (Servillo) é um detetive particular com seus dias contados: o médico lhe deu dois meses de vida; porém, quando o filme começa, esse tempo já passou – e ele ainda não morreu. Nessa sobrevida que ganhou, Genko resolve investigar um caso pendente de seu passado: o desaparecimento da jovem Samantha Andretti (Valentina Bellè).
A garota foi sequestrada quando ia à escola e, 15 anos depois, acorda em uma cama de hospital sem se lembrar de nada. Ao seu lado está o Dr. Green (Hoffman), um analista que promete resgatar o passado da jovem e capturar o monstro sequestrador.
Os dois homens estão atrás da mesma pessoa, mas usando métodos distintos. Quem chegará primeiro ao sequestrador? Mais do que isso: haverá apenas uma verdade?
Para criar a intrincada trama de O Labirinto, Carrisi conta que se inspirou no inferno do escritor Dante Alighieri, com seus diversos cĂrculos: “Essa Ă© a histĂłria de uma descida ao submundo, entĂŁo criei lugares que refletem a obra do poeta. Por exemplo, o Limbo Ă© o Departamento de Pessoas Desaparecidas, pois essas estĂŁo suspensas entre a vida e a morte. O cĂrculo da luxĂşria Ă© habitado pela Ăşnica pessoa por quem Genko se preocupa: uma prostituta albina. Tudo atĂ© chegar ao oitavo, o Labirinto, um lugar repleto de armadilhas e truques, povoado pelo maior monstro de todos: o monstro das nossas mentes”.
Para o diretor, não havia dois atores se não Servillo e Hoffman para os personagens: “Eu levei Genko a um inferno pessoal, pedi para Toni mudar sua voz, postura, e energia. Criamos um protagonista que encontra diversos demônios, porque apenas um homem que se aproxima da morte pode ver e ouvir aquilo que as outras pessoas não podem”.
Já para construir o Dr. Green, Carrisi explica que usou um mĂ©todo diferente: “O personagem tinha que ser gentil e compassivo, mas, ao mesmo tempo, evasivo. Eu nĂŁo queria aquele tĂpico investigador moderno que Ă© encontrado em sĂ©ries de televisĂŁo, filmes e livros. Precisávamos de um homem sábio que nĂŁo coleta provas, mas sinais do mal”.
O principal problema do filme Ă© justamente o excesso de maneirismo: a histĂłria se perde em voltas artificiosas e episĂłdios implausĂveis, abusando de clichĂŞs do filme noir em busca de um registro cult afetado e vazio. Os enigmas de O Labirinto intrigam a princĂpio, mas logo a rala densidade dramática dos personagens contrasta com os permanentes malabarismos narrativos e virtuosismos visuais, que tentam em vĂŁo disfarçar a falta de empatia e mesmo nexo do roteiro. O resultado Ă© confuso e equivocado – e nem mesmo grandes intĂ©rpretes como Dustin Hoffman e Toni Servillo conseguem encontrar a saĂda desse labirinto pretensioso.
O Labirinto: * *
COTAÇÕES
* * * * * Ăłtimo * * * * muito bom * * * bom * * regular * ruim
Assista ao trailer de O Labirinto: