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Oliveira Silveira afirmou em sua obra o canto primoroso e o desacato ao racismo

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Oliveira Silveira afirmou em sua obra o canto primoroso e o desacato ao racismo
Ronald Augusto é crítico de poesia e organizador do volume que reuniu a obra completa do poeta negro e idealizador do 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, Oliveira Silveira. Neste texto, escrito especialmente para o Matinal Jornalismo – novo grupo de comunicação que reúne veículos como este site -, analisa a contribuição desse gaúcho para a literatura, área na qual também foi um precursor ao “falar negro-poeticamente”, conforme Oswaldo de Camargo. “Seus poemas e reflexões críticas estão tensamente imbricados no debate referente aos dilemas de uma vertente negra na literatura brasileira que reage ao pano de fundo de nosso violento racismo”, escreve Augusto. Oliveira Silveira nasceu em 1941 em uma comunidade familiar remanescente de quilombo na fronteira oeste do Estado. O distrito se chamava Touro Passo, na área rural de Rosário do Sul. Graduado em Letras – Português e Francês, com as respectivas literaturas – pela UFRGS, foi poeta, ensaísta, músico e ativista do Movimento Negro. Um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre, do qual partiu a sugestão de evocar o 20 de novembro como dia nacional da consciência negra, lançada e implantada a partir de 1971. Oliveira Silveira morreu em 2009. Depoimento de Luís Augusto Fischer Forte mas fraca, a memória coletiva organiza a vida de comunidades. Forte porque sem ela não sabemos quem somos; fraca porque a truculência e o descaso podem destruí-la. Quem seríamos nós se Oliveira Silveira não tivesse feito o que fez? Certamente seríamos mais pobres – ele foi peça chave na batalha pela revisão da história brasileira (e gaúcha em particular). Em sua geração, era muito comum reduzir os debates sociais, políticos e ideológicos ao horizonte único da luta de classes; mas em sua geração começou essa luta, ainda hoje vigorosa porque ainda hoje necessária, em favor de lutas identitárias que reivindicaram o pertencimento étnico e/ou de identidade de gênero como direito elementar. Sem Oliveira Silveira, sem sua poesia, o mundo seria mais árido ainda para muita gente. Por isso ele precisa ser saudado, especialmente no contexto do Mês da Consciência Negra. Ronald Augusto editou sua obra poética reunida e aqui o apresenta. Oliveira Silveira além das boas intenções Ronald Augusto Oliveira Silveira (1941 – 2009) nasceu em Touro Passo (RS). Graduado em Letras – Português e Francês com as respectivas Literaturas – pela UFRGS, poeta, ensaísta, músico e ativista do Movimento Negro. Estudou a data e sugeriu a evocação do 20 de novembro como dia nacional da consciência negra, lançada e implantada no Brasil pelo Grupo Palmares, a contar de 1971. Escritor com mais de uma dezena de livros (todos de poesia) editados sempre em Porto Alegre a partir de 1961. Merecem destaque, entre outros, Banzo, Saudade Negra (1970), Pelo Escuro (1977), Roteiro dos Tantãs (1981), Anotações à Margem (1994), Orixás: Pinturas e Poesia (1995), em parceria com o pintor Pedro Homero, e Bandone do Caverá (2008), publicado às vésperas da morte do poeta. Oliveira traduziu poemas de Aimè Cèsaire e Langston Hughes. Seus poemas foram traduzidos para o […]

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