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Treze visões do mundo em pandemia

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Treze visões do mundo em pandemia Cena de "Às Vezes Ela Volta". Foto: Fantaspoa Produções/Divulgação

O filme Antologia da Pandemia, reunindo 13 curtas-metragens de terror produzidos por cineastas de seis países durante a quarentena, será lançado nesta quinta-feira (6/8) nas plataformas digitais iTunes, Google Play, Youtube Filmes, Vivo Play, Now e Looke, com a distribuição da O2 Play. O longa inclui trabalhos de diretores do Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Reino Unido e Chipre.

A ideia partiu da Fantaspoa Produções, responsável pelo tradicional Fantaspoa – Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre, realizado anualmente desde 2005 – e que neste anos, por conta da pandemia, teve sua edição realizada integralmente online via a plataforma de streaming Darkflix, entre os dias 24 de julho e 2 de agosto. A produção do longa é assinada por João Pedro Fleck, Fernando Sanches, João Pedro Teixeira e Nicolas Tonsho.

Antologia da Pandemia teve sua première mundial no Chattanooga Film Fest 2020 e foi exibido como título de encerramento do Fantaspoa 2020. Na entrevista exclusiva a seguir, João Pedro Fleck, um dos criadores e curadores do Fantaspoa, comenta sobre o filme que produziu e faz uma avaliação da recente edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre, encerrada no último final de semana: “Temos consciência que a edição online do evento não é o mesmo que o evento físico, que nos faz sentir falta da sala cheia, do contato com os cineastas e espectadores, que gera a comunidade, que é um dos grandes diferenciais do Fantaspoa”.

Cena de “Eclosión”, do diretor Alejo Rébora. Foto: Fantaspoa Produções/Divulgação

Como surgiu o projeto Antologia da Pandemia?

O Antologia da Pandemia surge de um concurso de curtas-metragens que fizemos. Durante a campanha de financiamento coletivo do Fantaspoa 2020, sentimos a necessidade de impulsionar o envolvimento dos cineastas e do público na campanha. Nossa solução foi criar um concurso de filmes, feitos durante o isolamento social. A partir desse concurso, recebemos aproximadamente cem inscrições, das quais 20 curtas nacionais e 15 internacionais foram disponibilizados para votação popular através do YouTube. Devido à altíssima receptividade que os curtas-metragens tiveram, falamos com uma distribuidora parceira nossa, a Raven Banner Entertainment, e assim decidimos converter 13 desses curtas em uma antologia.

Qual foi o critério para a seleção dos participantes do filme?

A partir desses 35 curtas selecionados para o concurso, decidimos a duração ideal em conjunto com a Raven Banner Entertainment (80 minutos) e aí decidimos selecionar seis curtas internacionais e sete curtas nacionais que julgamos os mais expressivos para a composição da antologia, que busca ser diversa e plural.

Vocês determinaram regras ou limites quanto a temática, duração ou orçamento? Quanto tempo levou desde a seleção para participar do projeto e a conclusão dos curtas-episódios?

No caso, tais regras existiam para o concurso. O curta tinha que ter até sete minutos e ser do gênero fantástico. O concurso foi lançado no dia 14 de abril e o deadline foi 27 de abril, um total de 13 dias. Os curtas podiam ter sido realizados desde o início do primeiro isolamento social (23 de janeiro), mas quase todos os curtas que recebemos – mais de 95% – foram concebidos especificamente para o concurso mesmo.

Cartaz do filme. Foto: Fantaspoa Produções/Divulgação

O filme é um registro coletivo perturbador deste momento de transformações, incertezas e medos que estamos vivendo. Como você avalia o resultado cinematográfico de Antologia da Pandemia?

Eu acredito que o resultado cinematográfico é bem interessante. Ele é uma costura de diferentes visões. Temos diferentes tipos de cineastas – desde o que estava realizando seu primeiro curta-metragem até gente que possui três longas-metragens na bagagem. Eu acredito que seja uma antologia com vários pontos altos e com episódios que atraem o espectador, sem deixar com que a experiência cinematográfica fique monótona em momento algum – que é algo bastante comum em antologias. Além de contar com o fio condutor da pandemia, que o faz tão pertinente: é o primeiro longa-metragem feito sobre a pandemia – acredito que virão vários em um futuro próximo – e respeitando o isolamento social, trazendo esse registro deste momento tão peculiar.

Qual será o futuro do filme? Ele participará de mais festivais?

A venda internacional do filme é representada pela Raven Banner Entertainment. No Brasil, ele está sendo lançado pela O2 Play nesta quinta-feira, 6 de agosto. O primeiro festival que ele participou foi o Chattanooga International Film Festival, no qual obteve uma ótima receptividade de público e crítica. Ele participou como filme de encerramento no Fantaspoa 2020 e espero que o filme participe de mais alguns festivais em 2020 e 2021 e obtenha distribuição em territórios internacionais até junho de 2021.

A participação brasileira destaca-se em Antologia da Pandemia, não apenas do ponto de vista quantitativo, mas principalmente pela qualidade das produções. Comente a respeito desse aspecto do filme, por favor.

Acredito que esse aspecto em geral se deva à dedicação. O envolvimento das equipes brasileiras foi muito intenso. Das inscrições que tivemos no Fantaspoa at Home, 60% foram de curtas-metragens nacionais, que foi um primeiro indício de quanto os cineastas daqui estavam se dedicando na realização dos curtas. Na minha perspectiva, a qualidade das produções nacionais e internacionais do concurso estava bem similar, mas desde que o concurso foi ao ar era perceptível que alguns curtas nacionais eram os mais apreciados pela crítica e pelo público.

Qual avaliação você faz da edição que se encerrou no domingo passado do Fantaspoa, festival que pela primeira vez foi realizado totalmente online?

Foi bem diferente do usual. Um festival online traz uma carga de dificuldades que a gente não imaginava. Isso vai desde o contato com distribuidores e diretores, passando pela parte técnica e definições de distribuição do conteúdo, até a apreciação final dos espectadores. Isso acabou sendo bastante desgastante. Pelo lado positivo, o conteúdo do Fantaspoa foi acessado por aproximadamente 67 mil pessoas de todo o Brasil – o que representa mais de seis vezes o número de espectadores do festival do ano passado, no formato presencial, no qual tivemos o maior número de espectadores até então: 11 mil. Ainda que tenhamos tido esse alcance excepcional, temos consciência que a edição online do evento não é o mesmo que o evento físico, que nos faz sentir falta da sala cheia, do contato com os cineastas e espectadores, que gera a comunidade, que é um dos grandes diferenciais do Fantaspoa.

Antologia da Pandemia: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Veja o trailer de Antologia da Pandemia:

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