Artigos

Um dia, um disco: “AMARCORD” (1973) – NINO ROTA, Itália

Change Size Text
Um dia, um disco: “AMARCORD” (1973) – NINO ROTA, Itália
Ficou faltando pelo menos Cesária Évora (Cabo Verde), Leonard Cohen (Canadá), Nusrat Fateh Ali Khan (Paquistão), alguém da Jamaica e o Ravi Shankar (Índia). Mas resolvi fechar em 30 discos – o Roger e a Adriana queriam que eu fizesse de TODOS os países de que a gente lembrasse algum músico foda. Guardei esse pro fim, porque não sei se eu seria um compositor de trilhas – que, ao fim e ao cabo, é minha atividade profissional principal – se não fosse ele. Nunca vou agradecer o suficiente ao professor Carlos Gerbase, que gravava fitinhas das trilhas do Nino Rota pro seu então aluno adolescente-eu. É quase impossível pra mim escolher uma só – e ainda deixar de lado a gigantesca obra de música de concerto – desse gênio absoluto, meu número um da música pra cinema. Resolvi escolher a primeira fitinha que o Gerbase me gravou, justamente do meu filme preferido do Fellini. Giovanni Rota (Milão, 1911 – Roma, 1979) e Fellini trabalharam juntos em TODOS os filmes do diretor de 1952 até a morte de Rota. E a música é protagonista em quase todos. Como o é nós filmes do Visconti, do Zefirelli e, claro, do Coppola que ele musicou – que seria do Poderoso Chefão sem Nino Rota? Mas Nino era mais que isso. Aos 12 anos orquestras já tocavam sua música em Milão e Paris. Escreveu a primeira ópera aos 15. Com 19 foi se aperfeiçoar nos Estados Unidos. Voltou e achou que música era pouco: formou-se em literatura pela Universidade de Milão. E sabe o que ele mais gostava na vida? Dar aulas. Fez isso desde os 26 anos. E qual foi o maior projeto da sua vida? Nenhuma trilha, nenhum dos seus tantos concertos, ballets ou óperas, mas o Conservatório de Bari, que dirigiu de 1950 até morrer com amor e dedicação. O que dizer de Amarcord? Que com um presente desses – um filme sobre memórias – as possibilidades eram todas. E estão todas ali: nenhuma melodia que não seja INESQUECÍVEL, as mais brilhantes orquestrações – da grande orquestra ao conjuntinho “de baile” -, essa definitiva inserção do timbre do acordeom como sinônimo de melancolia no imaginário do cinema ocidental. Tira o Nino Rota e não tem Yann Tiersen. Danny Elfman e Alexandre Desplat seriam outros. Esse homem foi um oceano. Escute o disco Amarcord aqui.

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?