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Um dia, um disco: “THREE” (2013) – RYUCHI SAKAMOTO, Japão

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Um dia, um disco: “THREE” (2013) – RYUCHI SAKAMOTO, Japão
Penúltimo disco da nossa viagem, Three, do Sakamoto, é o calmante necessário nesses tempos bicudos. O japonês mais jobiniano do planeta – ele é tão obcecado pelo Tom que gravou um disco no PIANO do Tom, na casa dele – tem três álbuns gravados com esse trio que me parece a mais perfeita tradução de sua música: ele no piano, Judy Kang no violino e o nunca por demais louvado cello do Jaques Morelenbaum (que, vocês lembram, tocou anos com o Tom). Nascido em 1952, em Tóquio, o Saka é formado em música e etnomusicologia – estudando basicamente música tradicional japonesa, indiana e de várias tradições africanas -, mas começou sua carreira em 1977 na banda eletrônica japonesa Yellow Magic Orchestra, que influenciou muito do pop eletrônico dos anos 1980 e volta e meia ainda se reúne. Mas ele ficou MESMO conhecido no Ocidente nos anos 1980, graças a duas estupendas trilhas sonoras de dois baita filmes: Furyo, em Nome da Honra (1983), do Nagisa Oshima – em que ele também atua, contracenando com o David Bowie – e O Último Imperador (1987), do Bernardo Bertolucci. Mas eu prefiro esses discos do trio – vale ouvir os três – por um motivo singelo: o quanto esses temas compostos pra orquestra e/ou eletrônica soam como se fossem assim desde sempre, nesse formato tão século 19. Além disso, desse jeito é que o Jobim interior dele fica mais que nunca aparente – ok, tem muito também de Debussy, que era uma das fontes primárias do Jobim, e que, por sua vez, era fascinado pela música do Extremo Oriente. Um tema como High Heels poderia estar num disco do Tom. E tocado beeem desse jeito: não conheço nenhum pianista com um toque mais parecido com o do nosso maestro soberano. Além disso, há a exuberância dos seus pares. Jaques é um dos maiores músicos do mundo e a Judy também é fooooda. Numa música como essa, que é toda economia, a paixão CERTA é todo o segredo: se forçar a mão, destoa, se tocar contido pode ficar chato pacas. Por isso eles são uma aula: uma aula de exuberância, singeleza e economia, três adjetivos que raramente a gente consegue colocar na mesma frase. Que que falta falar do Sakamoto? Que aos 68 anos de idade ele tem 49 discos (solo e com a YMO). Sem contar as trilhas… Pois é. Japoneses… Escute o disco Three aqui.

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