Um dos destaques da programação do mais recente Festival Varilux de Cinema Francês, o filme Adeus, Idiotas (2020) entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (24/02). A comédia dramática assinada e estrelada pelo diretor e ator Albert Dupontel ganhou sete César, a principal premiação do cinema francês, incluindo melhor filme, direção e roteiro original.
Adeus, Idiotas narra as peripécias do encontro rocambolesco de três personagens. Ao descobrir que está gravemente doente e desenganada pelos médicos, a cabeleireira Suze (Virginie Efira), de 43 anos, decide procurar a criança que foi forçada a abandonar logo depois de dar a luz, quando tinha apenas 15 anos.
Em sua busca burocrática pelo filho em repartições públicas, hospitais e cartórios, ela cruza o caminho de JB (Dupontel), um técnico em informática cinquentão cujo esgotamento leva-o a preparar seu suicídio em pleno expediente no trabalho. A tentativa falha desastrosamente, acabando por ferir justamente o desafeto profissional do especialista em TI frustrado.
Presente no escritório na mesma hora da confusão, Suze junta-se por acaso a JB em uma fuga que os leva ao senhor Blin (Nicolas Marié), um arquivista cego propenso ao entusiasmo excessivo. O improvável trio parte então em uma atrapalhada e sentimental jornada em busca do filho perdido de Suze, tendo a polícia no encalço.
O ator, diretor e roteirista Albert Dupontel é um dos nomes mais populares do cinema francês atual, premiado também com o César pelo roteiro original Uma Juíza sem Juízo (2013) e pela direção e roteiro adaptado de Nos Vemos no Paraíso (2017), ambas comédias policiais. Nessa nova incursão no gênero, Dupontel atua ao lado de uma dupla com talento especial para o riso: Virginie Efira – atriz belga que nos últimos tempos também tem se destacado em dramas como Sybil (2019), Ronda Noturna (2020) e no recente filme-escândalo Benedetta (2021) – e Nicolas Marié, vencedor do César de ator coadjuvante pelo divertido papel do cego alucinado em Adeus, Idiotas.
É em boa parte graças à interpretação carismática do trio central de atores que essa inusitada mistura de comédia maluca, melodrama e policial supera as fragilidades e inconsistências do roteiro para provocar na mesma medida o riso e a emoção. Para além do imbróglio de episódios cômicos e de perseguição que move a narrativa, Adeus, Idiotas é também uma crítica à sociedade contemporânea e à lógica do trabalho capitalista, que descartam sem hesitação os indivíduos desajustados ou que não são mais tão produtivos.
Adeus, Idiotas: * * *
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