Um dos filmes mais interessantes que entraram recentemente no catálogo da plataforma de streaming Petra Belas Artes à la Carte é O Manipulador de Paixões (1994), thriller erótico protagonizado por Alain Delon. Último longa para cinema do cineasta francês Jacques Deray – especialista em tramas policiais e diretor de títulos antológicos do gênero como A Piscina (1969) e Borsalino (1970), ambos igualmente estrelados por Delon –, O Manipulador de Paixões é uma adaptação de um romance do escritor belga Georges Simenon (1903 – 1989). Em 1982, esta mesma história foi adaptada para um telefilme francês, dirigido por Édouard Logereau, com Claude Rich no papel principal.
A história gira em torno do médico Jean Rivière (Delon), um homem que parece ter tudo: professor e pesquisador respeitado, obstetra dono de uma clínica sofisticada em Bruxelas, na Bélgica, onde atende ricaças de todo o mundo, casado e pai de uma jovem pianista, cercado de belas mulheres encantadas por seu charme, envolvido com uma amante voluptuosa. A vida desse Casanova moderno, porém, começa a desmoronar quando ele recebe um telefonema anônimo de um homem que ameaça matá-lo por um crime que ele teria cometido. Seguindo algumas pistas que o interlocutor vai deixando, Rivière tenta descobrir do que é acusado.
Depois de apresentado mistério inicial, O Manipulador de Paixões deixa o suspense em segundo plano para explorar a sensualidade: produção franco-italiana, o filme investe no magnetismo de Alain Delon, que aparece em cena seduzindo um desfile de lindas mulheres como a curvilínea Francesca Dellera – modelo e atriz italiana que interpreta uma DJ de boate com quem o protagonista tem um caso. Ícone do cinema europeu, o astro francês mais escuta do que fala no filme, alternando-se entre tentar desvendar por que está sendo ameaçado e os flertes com as beldades de sua vida.
O Manipulador de Paixões poderia até ser um pornô chic, mas o roteiro evita seguir esse caminho banal. Apesar de patinar no desenrolar da trama, o filme redime-se muito bem na parte final, com Delon acrescentando à beleza madura uma enigmática expressão soturna rumo ao desfecho inesperado. Na contramão das convenções do cinema hollywoodiano, O Manipulador de Paixões reserva ao protagonista e seu donjuanismo um fim amoral e perturbador.
O Manipulador de Paixões: * * *
COTAÇÕES
* * * * * ótimo * * * * muito bom * * * bom * * regular * ruim
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