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Animação “Flee” revive o drama de refugiado afegão

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Animação “Flee” revive o drama de refugiado afegão Diamond Films/Divulgação

Longa dinamarquês que combina animação e documentário para contar a história de um refugiado afegão, Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar (2021) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (21/4). Acumulando mais de 80 prêmios internacionais, entre eles o de Melhor Filme no Festival de Annecy – a principal mostra de animação do mundo –, a produção foi indicada neste ano em três categorias do Oscar: melhor animação, documentário e filme internacional.

Flee conta a história de Amin Nawabi, um homem que convive com um passado doloroso, guardado por 20 anos, que afeta de forma silenciosa a vida que ele está construindo para si e seu futuro marido: a fuga do Afeganistão na infância e a procura de um lar na juventude. 

Documentarista e radialista conhecido na Dinamarca, o diretor Jonas Poher Rasmussen é amigo de um refugiado afegão desde a adolescência, mas desconhecia os detalhes dessa história. Os anos se passaram e, quando adultos, ele propôs a esse amigo fazer um filme sobre sua jornada.

Diamond Films/Divulgação

Porém, o rapaz, que é identificado pelo pseudônimo Amin, não estava pronto para se abrir. Sua trajetória incluía traumas e riscos – especialmente para parte de sua família que voltou para o Afeganistão. Então, como uma maneira de proteger a identidade do protagonista e de seus entes, o cineasta recorreu à animação – o que lhe permitiria criar personagens com feições diferentes daquelas dos verdadeiros.

O realizador e sua equipe pensaram em diferentes estilos de animação para o longa, cada um refletindo momentos e estados emocionais do protagonista. “Queríamos fazer os eventos e as experiências de Amin serem mostrados por meio de cenas ao invés de depoimentos. A animação leva esse tipo de narrativa para outro nível em termos de criatividade e possibilidades”, conta Rasmussen.

Boa parte do filme emprega a técnica convencional de animação para mostrar acontecimentos do passado de Amin, como lembranças vívidas de sua juventude. Outras sequências, com estilos mais gráficos e abstratos, estão ligadas a eventos traumáticos de sua vida dos quais ele tinha dificuldade de se lembrar – incluindo cenas angustiantes da família fugindo de Moscou, para onde foram quando conseguiram sair do Afeganistão, nos anos 1990.

Como uma pessoa em constante movimento, sempre mudando de uma cidade para outra, Amin ainda não havia encontrado um lugar para chamar de lar. “Enquanto fazíamos o filme, percebi que ele ainda procurava onde poder se instalar de uma vez por todas. Mas, finalmente, ao conseguir se abrir, contar toda sua história para o filme, ele conseguiu fazer as pazes com o seu passado e superar a culpa que sentia pelos sacrifícios que sua família fez por ele”, conclui o diretor.

Kenneth Ladekjær, diretor de animação de Flee, explica como representou os personagens e suas emoções: “Eu queria expressar os sentimentos de maneira realista e nada tradicional para as animações. O que me aproximou do filme foi a mensagem que ele traz – as outras animações que participei tinham o objetivo de ser apenas entretenimento. Aqui, temos uma história emocionante e importante”.

Diamond Films/Divulgação

Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar: * * * *   

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar:

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