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“Aranha” mostra a extrema direita ontem e hoje no Chile

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“Aranha” mostra a extrema direita ontem e hoje no Chile Pandora Filmes/Divulgação

O longa chileno Aranha (2019), coproduzido com Brasil e Argentina, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23/9). Conhecido pelo seu cinema altamente político, o diretor chileno Andrés Wood – realizador de ótimos filmes como Machuca (2004) e Violeta Foi para o Céu (2011) – volta sua câmera nesse thriller para um momento marcante da história do Chile: o começo da década de 1970, às vésperas do golpe que tirou a esquerda do poder e instaurou a ditadura militar no país, em 11 de setembro de 1973.

Representante do Chile no Oscar de 2020 e indicado ao Goya de Melhor Filme Ibero-Americano, Aranha tem no centro da trama um grupo real de extrema-direita que atuou no país entre 1970 e 1973, chamado Patria y Liberdad, responsável por diversos atos terroristas – e que se tornou um dos principais apoiadores do golpe de estado do general Augusto Pinochet.

“Começamos a escrever antes de Bolsonaro, antes de Trump, então, de alguma forma, esse nacionalismo, que estava sendo respirado, se desenvolveu. Eu acho que o filme também apela para aquela raiz ou fibra nacionalista, que todos nós temos em algum lugar, e que, finalmente, quando você dá espaço, esses argumentos, às vezes, não parecem tão loucos, tão irracionais”, argumenta o cineasta Andrés Wood, que assina o roteiro de Aranha com Guillermo Calderón – autor dos roteiros de destacados filmes chilenos recentes como O Clube (2015), Neruda (2016) e Ema (2019).

Pandora Filmes/Divulgação

Alternando cenas na atualidade e no passado, Aranha mostra o envolvimento entre três personagens, Inés, Gerardo e Justo, que, na juventude, pertenceram ao Patria y Liberdad. No meio do conflito com a esquerda, nos anos do governo de Salvador Allende, o trio acaba se envolvendo amorosamente enquanto participa da luta armada contra o governo. No entanto, um crime político cometido pelo grupo muda o destino do Chile e acaba separando o grupo.

Quatro décadas mais tarde, o casal Inés e Justo leva uma vida burguesa repleta de luxo e dinheiro, enquanto Gerardo segue obcecado pelas causas do passado e quer não apenas vingança, mas também trazer o ultranacionalismo novamente. Quando Gerardo é preso em sua casa com um arsenal de armas e munição, a poderosa empresária Inés fará de tudo para que o passado volte à tona para destruir sua vida e de sua família.

Pandora Filmes/Divulgação

“Seria difícil para qualquer cineasta chileno fazer filme depois dos anos 1970 sem tocar nos anos da ditadura no Chile e como ela continua a reverberar nos dias de hoje. O que foi plantando naquele período continua explicando muito do que é o país agora”, disse Woods em entrevista à revista Variety.

O elenco internacional de Aranha é encabeçado pela grande atriz argentina Mercedes Morán – de filmes como O Pântano (2001) e Um Amor Inesperado (2018) –, os chilenos Marcelo Alonso e Felipe Armas, a espanhola María Valverde e o brasileiro Caio Blat, entre outros nomes. Vale destacar ainda a trilha sonora, assinada pelo brasileiro Antonio Pinto, de Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002).

Pandora Filmes/Divulgação

Aranha: * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Aranha:

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