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“Benedetta” une paixão espiritual e desejo carnal

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“Benedetta” une paixão espiritual e desejo carnal Imovision/Divulgação

Desde sua primeira exibição no Festival de Cannes do ano passado, Benedetta (2021) não tem deixado o público indiferente. Dirigido pelo holandês Paul Vehoeven – realizador de filmes como Instinto Selvagem (1992), A Espiã (2006) e Elle (2016) –, o longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13/1) com sua aura de provocação contando a história real de Benedetta Carlini, freira que viveu na Itália da contrarreforma.

Benedetta acompanha a trajetória da religiosa italiana do século 17 que vive em um convento na Toscana desde os oito anos. Dezoito anos mais tarde, perturbada por visões religiosas e eróticas, a piedosa Benedetta (Virginie Efira) tem sua fé testada com a chegada de Bartolomea (Daphne Patakia), uma jovem abusada pelo pai que acaba sendo acolhida pelas irmãs. Sob o olhar desconfiado da abadessa Felicita (Charlotte Rampling), as colegas de quarto iniciam um romance que vai desafiar as convenções morais e religiosas e provocar uma investigação pela Igreja Católica, comandada pelo severo núncio papal Alfonso (Lambert Wilson).

Imovision/Divulgação

O filme foi recebido com protestos por católicos nos Estados Unidos quando exibido em festivais no país. No Brasil, o longa foi premiado na 29ª edição do Festival MixBrasil como melhor filme estrangeiro, além de despontar em diversas listas internacionais de melhores do ano – como a da prestigiada revista francesa Cahiers du Cinéma e na dos melhores estrangeiros da National Board of Review (EUA).

Acusado de blasfêmia quando o filme estreou em Cannes, Verhoeven defendeu-se: “Eu realmente não entendo como poder ser um blasfemador em relação a algo que realmente aconteceu. Não se pode simplesmente mudar a história depois do fato. É possível dizer se foi certo ou errado, mas você não pode mudar a história. Creio que a palavra blasfêmia, nesse caso, para mim, é idiota”.

Imovision/Divulgação

O roteiro de Benedetta, escrito por Verhoeven e David Birke, parte de uma vasta pesquisa da historiadora inglesa Judith C. Brown, publicada em Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy. O livro conta a trajetória de uma jovem italiana nascida em 1590 em uma família de classe média, que entrou para o Convento de Madre de Deus, em Pescia. Logo depois, a religiosa começou a ter visões de homens que tentavam matá-la, sendo então assistida por uma irmã, com quem passou a dividir o quarto. As freiras acabam então se tornando amantes.

Belga de nascimento e radicada e naturalizada na França, Virginie Efira – vista recentemente no policial Ronda Noturna (2020) e na comédia Adeus, Idiotas (2020) – conta que não se intimidou quando Verhoeven a convidou para o papel de protagonista. A atriz já havia trabalhado com diretor em Elle, no qual fez um papel pequeno, mas importante. “A primeira coisa que Paul me disse, antes mesmo de revelar sobre o que era o filme, é que haveria muitas cenas de sexo. E eu respondi: ‘Tudo bem, sem problemas’. Depois, ele acrescentou que o sexo seria com outras mulheres, e novamente respondi: ‘Tudo bem, sem problemas'”, disse Virginie à W Magazine.

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Verhoeven, por sua vez, confessa que o que mais o atraiu para fazer um filme sobre Benedetta é sua ambiguidade. Interessado em assuntos religiosos, ele já participou do grupo de pesquisa teológica Seminário Sobre Jesus, além de ter publicado em 2007 o livro biográfico Jesus de Nazaré – que cogita um dia adaptar para o cinema. Segundo o cineasta, o que o interessa a respeito de Cristo, para além da visão religiosa, é entender como essa figura foi importante para o desenvolvimento da cultura ocidental e do humanismo.

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Benedetta: * * * *  

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Assista ao trailer de Benedetta:

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