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“Carro Rei”, com Matheus Nachtergaele, estreia no Festival de Roterdã

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“Carro Rei”, com Matheus Nachtergaele, estreia no Festival de Roterdã Foto: Boulevard Filmes/Divulgação

Um rapaz com a habilidade de conversar com carros, e um carro com ideias totalitárias. Esses são apenas alguns dos elementos de Carro Rei, novo longa da diretora Renata Pinheiro – de Amor, Plástico e Barulho (2015) –, que acaba se ser selecionado para competição oficial do Festival de Roterdã. O filme tem como tema uma mobilização popular que toma um caminho irracional e perigoso, combinando elementos fantásticos para abordar questões sociais e políticas do presente.

O protagonista de Carro Rei é Uno (Luciano Pedro Jr.), que ganha esse nome em homenagem ao primeiro carro adquirido por seus pais, e no qual ele nasceu a caminho da maternidade. Uno desde criança fala com esse mesmo carro, e o considera como seu melhor amigo. Um acidente trágico separa os dois: Uno se torna um jovem ativista ambiental, enquanto o carro é despachado para o ferro-velho do seu tio Zé Macaco (Matheus Nachtergaele), um mecânico com ideias mirabolantes.  

A diretora, que assina o roteiro com Sergio Oliveira e Leo Pyrata, define o longa como “um filme sobre luta de classes. O projeto surge da observação das cidades brasileiras e da constatação de um exagerado apego da população aos automóveis. Os carros particulares ocupam as ruas, as mentes e os planos dos governantes: são mais que veículos, são tratados com mais regalias que os transeuntes. Essa importância desproporcional dos automóveis na sociedade brasileira, pode ser fruto de uma falsa crença que o carro é um símbolo de ascensão social e prosperidade. Carro Rei é o resultado de uma investigação artística que busca construir uma relação interpessoal entre personagens inusitados, objetos inanimados e humanos, em ambientes que revelam essa complexidade. Nos meus filmes tento construir uma narrativa considerando que linguagem visual é tão importante quanto o diálogo. E, nesse contexto, os objetos também tem grande significância e são personagens vivos”.

Foto: Boulevard Filmes/Divulgação

O filme se passa em Caruaru, uma cidade média nordestina, onde a crise econômica está afetando a todos, especialmente a classe trabalhadora. A ideologia de extrema direita, carregada de falsas esperanças, está se espalhando com velocidade – e ela chega de carro. 

No filme, a cineasta teve a oportunidade de retomar a parceria com Sergio Oliveira (Super Orquestra Arcoverdense de Ritmos Brasileiros), premiado diretor e roteirista com quem ela trabalhou desde seu primeiro curta (Superbarroco), e com quem codirigiu o longa Açúcar e os documentários Estradeiros e Praça Walt Disney. A fotografia é assinada pelo argentino Fernando Lockett, com quem trabalha desde seu primeiro longa (Amor, Plástico e Barulho).

Para o elenco, Renata escalou Matheus Nachtergaele (Zama, Cidade de Deus e Central do Brasil), que define como “um artista excepcionalmente versátil que conquistou uma reputação formidável no Brasil e no exterior”; Luciano Pedro Jr., jovem ator negro alagoano, que faz sua estreia em longa metragem; Clara Pinheiro (O Som ao Redor e A Noite Amarela), jovem atriz recifense que iniciou sua carreira no cinema aos 12 anos participando de filmes relevantes para a cinematografia brasileira; e Jules Elting (O Ornitólogo), um ator transgênero não binário, da Alemanha, de carreira sólida no teatro e há alguns anos emergente no cinema internacional de arte. 

Foto: Boulevard Filmes/Divulgação
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