“Deserto Particular” é um filme de encontros

Desde sua estreia no Festival de Veneza deste ano, no qual ganhou o prêmio de público, Deserto Particular (2021), de Aly Muritiba, tem feito uma trajetória de sucesso. Além de ser escolhido para representar o país na disputa pelo Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, o longa acaba de receber no Mix Brasil os prêmios Melhor Filme e Melhor Atuação, para Pedro Fasanaro. O filme entra em cartaz em diversas cidades brasileiras nesta quinta-feira (25/11).

Em sua trajetória rumo a uma indicação ao Oscar, na última semana, o filme foi exibido na semana passada em Los Angeles, na LA Times The Envelope Screening, e também da noite de abertura do Hollywood Brazilian Film Festival. Em Nova York, Deserto Particular foi exibido no Cinema Tropical “Las Premieres” Screening, no Museu da Imagem em Movimento.

“Essa foi uma semana muito especial para o Deserto Particular. O filme tocou e emocionou públicos muito diversos, em lugares muito distintos. Os prêmios recebidos pelo filme na Espanha, em Israel e no Brasil, somadas às sessões em Los Angeles e Nova York, com ovação do público, me deixaram muito contente. Isso é sinal de as cosias o que filme diz, as coisas que propõe têm chegado no coração das pessoas”, comenta Muritiba.

O longa é protagonizado por Antonio Saboia (Bacurau), que interpreta Daniel, um policial afastado do trabalho depois de cometer um erro. Ele mora em Curitiba, com um pai doente, de quem cuida com devoção.

Taciturno, Daniel fala pouco – e sorri menos ainda. Seu único motivo de alegria é a misteriosa Sara, uma moça que mora no sertão da Bahia, e com quem se corresponde por aplicativo de celular. O desaparecimento súbito de Sara faz com que Daniel resolva cruzar o país em busca de seu amor. 

“Deserto Particular é um filme de encontros. Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração, formada depois da ditadura militar, enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, todas as minorias, mulheres, indígenas, a comunidade LGBTQIA+, negros, entre outros, passaram a ser sistematicamente perseguidas, e o país se dividiu entre o Sul conservador e o Norte e Nordeste progressista. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor”, justifica o cineasta.

Deserto Particular: * * * *  

COTAÇÕES

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