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“Ennio, o Maestro” celebra o gênio das trilhas de cinema

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“Ennio, o Maestro” celebra o gênio das trilhas de cinema Risi Film Brasil/Divulgação

Um colosso da música do século 20 merecia um filme a sua altura. Pois Ennio, o Maestro (2021), documentário que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (29/9), faz jus ao tamanho de Ennio Morricone (1928 – 2020), músico italiano compôs mais de 500 trilhas sonoras para o cinema e TV e ganhador de dois prêmios Oscar. O longa dirigido pelo cineasta Giuseppe Tornatore reúne depoimentos sobre o mestre de celebridades do cinema e da música como Bernardo Bertolucci, Marco Bellocchio, Dario Argento, Quentin Tarantino, Wong Kar Wai – um dos produtores e distribuidor do filme –, Bruce Springsteen, Joan Baez, Lina Wertmüller, John Williams e Hans Zimmer

Sucesso na última edição de 8 ½ Festa do Cinema Italiano, Ennio, o Maestro foi exibido também no 78º Festival de Veneza. Grande parceiro do maestro e compositor, Tornatore reconta a história de Morricone desde a infância até a vida adulta, passando pelos anos de conservatório e, claro, por seus grandes filmes e prêmios, sem esquecer do Oscar: seis indicações e dois prêmios – um honorário pela carreira, em 2007, e outro pela trilha sonora de Os Oito Odiados (2015), de Tarantino, em 2016. Por meio de preciosas imagens de arquivo, cenas de dezenas de filmes, depoimentos de colegas e colaboradores e de uma longa entrevista com o compositor, o filme revela a genialidade de Morricone – que criava para o cinema desenhando a música na mente antes de escrevê-la ou gravá-la.

“Papai pode ser considerado um compositor versátil, que em mais de meio século, escreveu tanto música ‘absoluta’ (ou seja, concebida como um ato criativo livre e não condicionado) quanto música ‘aplicada’ (ou seja, a serviço de outra arte: cinema, teatro, televisão)”, comenta Marco Morricone, filho do maestro. Um dos maiores nomes não só das trilhas para cinema, mas também da música de concerto contemporânea do século passado, o artista romano foi um criador ousado, que sempre fugiu do convencional e propôs partituras que evitassem a obviedade. Como resultado, sua música ajudou a tornar inesquecíveis grandes filmes como Três Homens em Conflito (1966), A Balada de Sacco e Vanzetti (1971), Era uma Vez na América (1984), Os Intocáveis (1987), A Missão (1986) e Cinema Paradiso (1988), entre muitos outros.

Risi Film Brasil/Divulgação

O documentário inclui também gravações de espetáculos e concertos regidos pelo maestro, excertos de filmes e imagens inéditas dos arquivos pessoais. Em suas mais de duas horas e meia, o longa revela fatos como a paixão de Morricone por xadrez – que pode ter ajudado em suas composições e ideias por trás de cada música.

Artista superlativo e exigente, o compositor de cinema mais prolífico da história e mais amado pelo público internacional encarava cada trabalho encomendado como uma obra única, que merecia ganhar uma música igualmente singular – uma ética de trabalho que o mestre aplicava também em seu ambiente doméstico, como relembrou seu filho em entrevista: “Na minha casa a gente podia fazer de tudo, a bagunça que fosse. A única coisa que não era permitida era ouvir música, nem mesmo as músicas que meu próprio pai compunha, para não influenciar os outros trabalhos dele. Então eu fui um adolescente que cresceu enquanto os Beatles estavam explodindo e eu só podia ouvir fora de casa. Na época a gente achava que isso não era legal, mas com o tempo a gente foi compreendendo. Meu pai sempre foi muito rigoroso, mas ao mesmo tempo muito carinhoso, e me ensinou muito sobre ética e sobre o respeito ao trabalho sério, duro e constante que ele sempre fez a vida toda”.

Risi Film Brasil/Divulgação

Ennio, o Maestro: * * * * *

COTAÇÕES

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Assista ao trailer de Ennio, o Maestro:

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