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“Está Tudo Bem” oscila entre a vida e a morte

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“Está Tudo Bem” oscila entre a vida e a morte Califórnia Filmes/Divulgação

Exibido no Festival de Cannes de 2021, o filme francês Está Tudo Bem (2021) entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (9/6). O longa dirigido pelo prolífico cineasta François Ozon – cujo mais recente trabalho, Peter von Kant (2022), será exibido em breve no Festival Varilux de Cinema Francês – reúne um elenco central de grandes nomes do cinema europeu: Sophie Marceau, André Dussollier, Charlotte Rampling e Hanna Schygulla.

Baseado em um romance de Emmanuèle Bernheim, Está Tudo Bem apresenta Sophie Marceau no papel de uma escritora cujo pai de 85 anos, depois de sofrer um derrame e ser internado em um hospital, pede ajuda à filha para morrer. O personagem é interpretado por André Dussollier.

François Ozon teve seus primeiros contatos com a romancista francesa em 2000, quando estava tendo problemas com o roteiro de Swimming Pool – À Beira da Piscina (2003). Emmanuèle ajudou-o na reescritura do roteiro e os dois se tornaram grandes amigos. Anos depois, a escritora enviou ao realizador o manuscrito de seu livro autobiográfico Está Tudo Bem. “Ela me perguntou seu eu queria adaptar, mas achei uma história pessoal demais, e, naquele momento, eu não conseguia lidar com isso”, lembra Ozon. Foi só após a morte da autora, em 2017, que o cineasta voltou a pensar em uma adaptação cinematográfica da tocante história de Emmanuèle.

Califórnia Filmes/Divulgação

Ozon, que também assina o roteiro do filme, conta que queria honrar a literatura e a experiência pessoal de sua amiga, com quem também trabalhou nos roteiros de O Amor em 5 Tempos (2004) e Ricky (2009): “Não é um filme sobre eutanásia. Obviamente, cada um de nós temos nossos próprios sentimentos e questões sobre a morte, mas o que me interessava acima de tudo era o relacionamento entre pais e filhas”.

Embora não tivesse intenções de, nas suas palavras, “trair Emmanuèle”, Ozon queria tomar a história do livro para si – e, por isso, acabou fazendo algumas mudanças: “Eu a conhecia muito bem e sabia que não ficara ofendida com o que está diferente no filme, nem teria me censurado. Ela era muito generosa em sua escrita e tinha uma tendência a se concentrar na humanidade e na beleza das coisas”.

Estrela internacional de filmes como Polícia (1985), Minhas Noites São Mais Lindas que Seus Dias (1989), Anna Karenina (1997) e 007 – O Mundo Não é o Bastante (1999), a francesa Sophie Marceau foi dirigida pela primeira vez por François Ozon nesse drama familiar. “Intuitivamente, achei que esse era o momento certo para fazermos um filme juntos. Enviei o livro para ela, que adorou, e, a partir desse momento, comecei a escrever o roteiro.”

Califórnia Filmes/Divulgação

Já Dussollier – veterano ator que trabalhou em diversos filmes de mestres como Alain Resnais (Amores Parisienses e Medos Privados em Lugares Públicos) e Éric Rohmer (Perceval O Galês e Um Casamento Perfeito) – pesquisou bastante sobre pessoas com derrame e conversou com médicos a respeito das consequências de um AVC para interpretar o papel do colecionador de arte André Bernheim.

Outro destaque no filme é veterana atriz alemã Hanna Schygulla, uma das musas do cineasta Rainer Werner Fassbinder, cujo papel é o de diretora de uma organização suíça que viabiliza a morte assistida a doentes terminais. “Eu a conheci num festival em Hamburgo, onde ela me entregou um prêmio, mas sempre a admirei como atriz. No filme, ela deveria fazer uma mulher com sotaque suíço-alemão, mas ela não estava conseguindo. Mudei os planos, e ela fez uma alemã que mora na Suíça. No livro, Emmanuèle abraça uma policial, aqui eu queria que abraçasse uma senhor suíça, uma bela personagem, repleta de uma humanidade misteriosa”, explica Ozon.

Califórnia Filmes/Divulgação

Está Tudo Bem: * * * * 

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Está Tudo Bem:

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