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“Mais que Especiais” é lição de humanismo e empatia

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“Mais que Especiais” é lição de humanismo e empatia Foto: California Filmes/Divulgação

O filme francês Mais que Especiais (2019), de Olivier Nakache e Éric Toledano, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25/2). (Lembrando que, por conta das determinações da bandeira preta no modelo de distanciamento controlado no Rio Grande do Sul, os cinemas estão temporariamente fechados no estado.) A nova comédia dramática dos diretores de Intocáveis (2011) e Samba (2014), foi exibido fora de competição no Festival de Cannes, encerrando o evento em 2019, e tem no elenco Vincent Cassel, Reda Kateb e Hélène Vincent. No Brasil, o longa integrou a seleção do Festival Varilux de Cinema Francês de 2020 e foi o título de abertura do 24º Festival de Cinema Judaico.

Baseado em uma história real, Mais que Especiais mostra o trabalho da parceria entre os franceses Stéphane Benhamou e Daoud Tatou, criadores respectivamente da Le Silence des Justes e da Le Relais IDF, associações sem fins lucrativos que cuidam de crianças e adolescentes autistas e sem recursos. Há 20 anos atuando em Paris à frente dessas ONGs, a dupla acolhe jovens rejeitados por outras instituições e à margem dos sistemas de saúde e assistência social públicos por serem considerados casos extremos. Ao mesmo tempo, essas associações dão oportunidade a voluntários vindos das periferias, de origem humilde e imigrantes.

No filme, Vincent Cassel e Reda Kateb interpretam Bruno e Malik, personagens inspirados em Stéphane e Daoud. Mais que Especiais mergulha no cotidiano pessoal e profissional dos protagonistas, cuja dedicação a essa missão humanitária ocupa-lhes praticamente todo o tempo. Com empatia infindável e paciência de Jó, os amigos Bruno e Malik desdobram-se para resolver os problemas de meninos e garotas autistas e suas famílias, orientar os voluntários vindos de realidades problemáticas e enfrentar a constante falta de recursos. Para estressar ainda mais a situação, as autoridades médicas oficiais começam uma investigação alegando que as instituições não possuem qualificação técnica para o trabalho que desenvolvem.

Reda Kateb. Foto: California Filmes/Divulgação

Como nos filmes anteriores de Olivier Nakache e Éric Toledano, Mais que Especiais suaviza o tom dramático da história com doses de bom humor e cenas de alto astral. No entanto, diferentemente de Intocáveis e Samba, a nova produção dos realizadores aproxima-se mais do cinema de denúncia social do inglês Ken Loach e do também francês Robert Guédiguian, evocando às vezes até o cinema documentário.

Mas a grande qualidade da parceria Nakache-Toledano é mesmo contar histórias agridoces com personagens cativantes, interpretados por atores de carisma. Em Mais que Especiais, a empatia fica a cargo da dobradinha de talento formada por Reda Kateb – ator de filmes como O Profeta (2009), A Hora Mais Escura (2012) e Django (2017) – e, em especial, Vincent Cassel. Um dos melhores e mais populares astros franceses da atualidade, o intérprete de títulos como O Ódio (1995), Irreversível (2002), Senhores do Crime (2007), Cisne Negro (2010) e o brasileiro O Filme da Minha Vida (2017) está ótimo em Mais que Especiais no papel do abnegado cuidador que sacrifica a vida pessoal pela ajuda ao próximo – em um registro bem diferente daquele de galã confiante que o celebrizou nas telas.

Vincent Cassel. Foto: California Filmes/Divulgação

Além da defesa do humanismo e da simpatia pelos mais necessitados, Mais que Especiais lembra ainda o belo exemplo de convivência das figuras reais que inspiraram a história: Stéphane Benhamou é judeu, Daoud Tatou é muçulmano.

Mais que Especiais: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Mais que Especiais:

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