Artigos | Cinema

“Marte Um” olha com carinho a vida na periferia

Change Size Text
“Marte Um” olha com carinho a vida na periferia "Marte Um". Foto: Embaúba Filmes/Divulgação

Vencedor do 50º Festival de Cinema de Gramado nas categorias de melhor longa pelo júri popular, roteiro, trilha musical e prêmio especial, o filme Marte Um (2022), de Gabriel Martins, foi o mais aplaudido da competição serrana. O longa teve sua estreia mundial no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em janeiro passado, onde também foi bem recebido pelo público. Marte Um chega aos cinemas nacionais nesta quinta-feira (25/8).

O filme já foi exibido em 35 festivais internacionais, ganhando prêmios de melhor longa no OutFest, no Black Star e no San Francisco Film Festival. Marte Um é o segundo longa de Gabriel Martins – o primeiro solo, sem a parceria de Maurilio Martins, com quem fez No Coração do Mundo (2019) – e tem como um de seus temas centrais a realização do sonho de um menino.

Vencedor do 50º Festival de Gramado, “Noites Alienígenas” leva o Acre para o cinema

O filme traz o cotidiano de uma família periférica nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais. O garoto Deivid (Cícero Lucas), caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta vermelho. Morando na cidade mineira de Contagem, na periferia de Belo Horizonte, não há muitas chances para isso – mas mesmo assim ele não desiste, passa horas assistindo a vídeos e palestras sobre astronomia na internet.

Embaúba Filmes/Divulgação

O pai, Wellington Carlos Francisco, de Bacurau (2019), e ator integrante do grupo paulistano de teatro Folias –, é porteiro em um prédio de elite e há um bom tempo está sem beber. Tércia (Rejane Faria) é a matriarca que, depois um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão, acredita que está sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é Eunice (Camilla Damião), que pretende se mudar para um apartamento com sua namorada (Ana Hilário), mas não tem coragem de contar aos pais.

“O filme foi desenvolvido entre 2015 e 2018, um período de muitas mudanças abruptas nos campos social e político do país. Vários movimentos nos fizeram confrontar com o que pensávamos sobe raça, gênero, economia e muitos aspectos da sociedade. Produzimos o filme graças a um fundo para diretores negros, e isso sempre me trouxe um senso de responsabilidade muito grande, com honestidade e compreensão de que esse filme pode ser uma forte representação de uma cultura da qual faço parte”, explica o diretor do filme.

O produtor Thiago Macêdo Correia lembra que Martins procurou-o com a ideia para Marte Um quando o país ainda estava sob o comando de Dilma Rousseff, em um período de prosperidade e investimentos na cultura: “O filme foi produzido graças a um fundo público de 2016 voltado para diretores negros e narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas cineastas de grupos minoritários. Obviamente, esse fundo não existe mais. Rodamos o longa em outubro de 2018, durante as eleições, o que acabou influenciando também a narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois”.

Marte Um é assinado pela mineira Filmes de Plástico, produtora fundada em 2009 e que tem em sua filmografia longas premiados como Ela Volta na Quinta (2014), Temporada (2018), ambos dirigidos por André Novais Oliveira, Contagem (2010) e No Coração do Mundo. Suas produções também foram destaque em festivais com Cannes, Roterdã, Brasília e Tiradentes.

Embaúba Filmes/Divulgação

Embaúba Filmes/Divulgação

Marte Um: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Marte Um:

RELACIONADAS
PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?