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“Miss França” discute a identidade de gênero

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“Miss França” discute a identidade de gênero Pandora Filmes/Divulgação

Transitando entre o drama e a comédia, o filme Miss França (2020) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19/5). Conhecido pela comédia dramática A Gaiola Dourada (2013), o ator e cineasta luso-francês Ruben Alves discute em seu novo trabalho as questões de gênero. O filme é protagonizado por Alexandre Wetter, jovem modelo da grife Jean-Paul Gaultier que, valendo-se de sua androginia, interpreta Alex, um rapaz não binário decidido a vencer o concurso de beleza Miss França. Por sua atuação, o ator estreante foi indicado ao prêmio César em 2021 como revelação masculina mais promissora.

Em Miss França, Alex assume o nome de Alexandra para participar do concurso – e, ao lado dos pitorescos hóspedes da pensão onde mora e que chama de “sua família”, enfrenta as fases e percalços do concurso. O protagonista conta com a ajuda da travesti Lola (Thibault de Montalembert), que cuidará de sua estética e da transformação física, enquanto os amigos Randy (Moussa Mansaly) e Ahmed (Hedi Bouchenafa) serão responsáveis pelas redes sociais.

Pandora Filmes/Divulgação

Em entrevista ao site português C7nema, Alves contou que Miss França surgiu de seu contato com Wetter e da vontade de descobrir quem somos: “Tinha muitas ideias, já tinha escrito coisas com as quais não estava contente, que não me satisfaziam completamente. Quando encontrei o Alexandre, toda a sua luz – até porque é alguém muito positivo – fascinou-me. Ele me contou a sua história e fiquei fascinado. A coragem que temos que ter hoje em dia para sermos diferentes numa sociedade que dá uma imagem superlibertina, mas, afinal – e cada vez menos – aceita a diferença”.

Já o modelo e ator confessou, em entrevista à revista Vogue, que o filme foi um grande desafio: “Tive de me adaptar à personagem. Apesar de termos muito em comum, tive de aprender muito com a personagem. O Ruben [Alves] deu-me uma oportunidade de ouro de interpretar uma personagem muito sutil, para a qual a precisão era uma prioridade”.

Pandora Filmes/Divulgação

O ator e modelo também ponderou que Alex é uma personagem universal, “que vai além do sexo e do gênero. É uma personagem determinada a viver os seus sonhos e dar ouvidos aos seus desejos – e então decide aceitá-los e desafiar a ordem estabelecida. Essa personagem fala para toda a gente, até para aqueles que vivem bem nesse mundo padronizado e que podem ajudar pessoas que não correspondem ao standard a fazer da sua unicidade um ‘não-assunto’”.

Alves, que assina o roteiro com Elodie Namer, revelou também que pediu ajuda a Sylvie Tellier, ex-Miss França e atual diretora do concurso, para escrever a história do filme: “Estive com ela no início e disse: ‘Sylvie, tem de me dizer uma coisa, senão para mim é muito difícil escrever algo que na minha cabeça penso que é impossível. Era possível acontecer isto?’. Ela disse: ‘Era, pela razão muito simples que eu nunca vou ver se é uma mulher ou um rapaz. Vejamos que o Alex é completamente mulher e tem os documentos falsos. Eu nunca vou ver se é ou não é’. Aliás, ela me disse que há dois anos teve algumas dúvidas numa candidata em Toulouse e não a escolheram, pois não queriam ter um escândalo. Mas, se calhar, até já tiveram e nunca se soube”.

Pandora Filmes/Divulgação

Miss França: * * * 

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Assista ao trailer de Miss França:

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