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Vencedor do 50º Festival de Gramado, “Noites Alienígenas” leva o Acre para o cinema

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Vencedor do 50º Festival de Gramado, “Noites Alienígenas” leva o Acre para o cinema Vitrine Filmes/Divulgação

O filme Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, produzido no Acre, recebeu cinco Kikitos no 50º Festival de Cinema de Gramado, nas categorias de melhor longa brasileiro, ator (Gabriel Knoxx), ator coadjuvante (Chico Diaz), atriz coadjuvante (Joana Gatis) e o prêmio da crítica. Apesar de sua longa tradição na produção de audiovisual desde os anos 1970 em Super-8 e, posteriormente, em VHS, o cinema acreano era, basicamente, feito para consumo local. O grande vencedor de Gramado será o primeiro longa do Estado a estrear em cinemas.

“Marte Um” olha com carinho a vida na periferia

Dirigido por Sérgio de Carvalho e com um elenco de jovens e bons atores locais como o rapper Gabriel Knoxx, Noites Alienígenas parte do livro homônimo do realizador, de 2011, retratando o lado urbano da capital acreana, Rio Branco, por meio de uma história de personagens cujas vidas são marcadas pela mudança da rota do tráfico que começa a passar pela região. Com roteiro assinado pelo cineasta em parceria com Camilo Cavalcante e Rodolfo Minari, o longa atualiza o romance.

“Aquela periferia de Rio Branco já era completamente diferente porque, nesse meio tempo, chegaram as facções do Sudeste do Brasil. A realidade se transformou completamente. O Acre hoje é muito mais violento. A gente começou a viver situações que só nas cidades grandes que a gente via no Rio e São Paulo. Não tinha como transportar para um com um cenário contemporâneo e não trazer também esse tema”, explica o cineasta.

Vitrine Filmes/Divulgação

Carvalho também destaca que sua ficção de estreia aborda questões extremamente contemporâneas, especialmente aquelas ligadas à Amazônia urbana, da qual se fala muito pouco, especialmente no cinema: “O filme fala de um Brasil bélico, de um Brasil que se arma, de um Brasil que cada vez mais se torna violento, e violência de todos, em todos os sentidos. A violência contra a juventude. A violência contra indígenas”,

Ao contar a história de um menino que se recusa a matar, Sérgio explora um Brasil em transformação: “O filme, de certa maneira, reflete esse momento que vivemos. E também trata das questões de identidade, que o Brasil vive hoje, de reafirmação de suas culturas originárias, de seus povos tradicionais. Fala também de uma juventude que está aí nas periferias, sendo resistência a tanta coisa e vítima de tanta coisa ao mesmo tempo”.

Vitrine Filmes/Divulgação

Nascido no Rio, o cineasta está radicado no Acre há quase 20 anos. Segundo Sérgio de Carvalho, fazer a primeira sessão do filme no país em Gramado é uma responsabilidade: “É esse marco no audiovisual do estado do Acre, e com a certeza, também, de que ele só está acontecendo por conta de políticas públicas pensadas para descentralização do audiovisual, que possibilitaram que o Norte, a Amazônia, produzisse cada vez mais”.

A oportunidade para se fazer Noites Alienígenas veio com o último edital para longa de baixo orçamento do extinto Ministério da Cultura. “A Amazônia nunca produziu tanto audiovisual como produz hoje. Eu acho que o meu filme é fruto dessas políticas públicas e fruto desse movimento que se intensificou graças às cotas pra região Norte. É uma pena que essas políticas públicas, com esse olhar de descentralização, se enfraqueceu muito nos últimos quatro anos e quase que interrompendo aí uma cadeia que vem que vinha se consolidando”, lamenta Carvalho.

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Noites Alienígenas: * * * *

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