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O mistério desértico de “Duna” volta ao cinema

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O mistério desértico de “Duna” volta ao cinema Warner/Divulgação

Chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (21/10) a aguardadíssima nova versão de Duna (2021), filme baseado no clássico homônimo da ficção científica. O cineasta canadense Denis Villeneuve encarou o desafiou de adaptar para a tela a copiosa epopeia espacial de mais de 500 páginas concebida pelo escritor norte-americano Frank Herbert, tendo sucesso na empreitada em que outros realizadores fracassaram.

Superprodução de US$ 165 milhões, Duna foi rodado em locações na Hungria, Jordânia, Abu Dhabi e Noruega. Diretor de ambiciosas produções futuristas como A Chegada (2016) e Blade Runner 2049 (2017), Villeneuve diz ser obcecado pela história desde a adolescência. “Meu filme não é um ato de arrogância. É um ato de humildade. Meu sonho era que um fã incondicional de Duna tivesse a sensação de que eu tinha colocado uma câmera na sua mente”, explica o realizador a respeito do livro que inspirou sagas de ficção científica nos últimos 50 anos nos cinemas como Star Wars e Alien.

A história de Duna se passa em um longínquo futuro em planetas distantes da Terra, em que conflitos feudais e comerciais colocam em pé de guerra as casas dos Harkonnen e dos Atreides e o governo imperial. O foco da disputa entre os poderosos feudos é o controle da “especiaria”, um produto que funciona como aditivo no combustível para as essenciais viagens espaciais – além de causar efeitos psicotrópicos – e que é encontrado unicamente nas areias do desértico planeta Arrakis.

Herdeiro dos Atreides, o jovem Paul – interpretado por Timothée Chalamet, ator de filmes como Me Chame pelo Seu Nome (2017) e Adoráveis Mulheres (2019) – junta-se ao pai Leto (Oscar Isaac) na missão de assumir o controle do refino da cobiçada especiaria a pedido do imperador, substituindo o clã Harkonnen na tarefa. Filho do duque com Lady Jessica (Rebecca Ferguson), dama integrante de uma irmandade formada por influentes mulheres com dons sobrenaturais, Paul pode ser o messias aguardado por muitos povos, destinado a liderar uma rebelião galáctica.

Warner/Divulgação

Além de encarar na inóspita Arrakis a hostilidade dos fremen, habitantes do planeta que sobrevivem na secura dos desertos e resistem aos exploradores, e o perigo constante dos gigantescos vermes que emergem em meio às dunas, os Atreides descobrem que caíram em uma armadilha arquitetada pela casa imperial. Liderados por um ambicioso barão – vivido pelo ótimo ator sueco Stellan Skarsgård, em uma caracterização que lembra a figura enorme de Marlon Brando em Apocalypse Now (1979), inclusive emulando a atuação e os gestos do astro no filme de Francis Ford Coppola –, os Harkonnen preparam-se para retomar com violência o controle da especiaria.

O elenco inclui ainda nomes como Josh Brolin, Charlotte Rampling, Javier Bardem, Jason Momoa, Zendaya e Dave Bautista.

Warner/Divulgação

Reverente ao texto original, o roteiro de Duna aborda as complexas interações entre política, religião, ecologia, tecnologia, psicologia e misticismo – como diz o próprio livro, são “planos dentro de planos dentro de planos”. A concepção visual e tecnológica do filme também acompanha o romance: não há computadores ou robôs em cena, os equipamentos, veículos e cenários evocam um mundo ancestral, mais analógico e orgânico do que digital e artificial.

Outra precaução tomada foi quanto ao escopo da trama: para contar a típica jornada do herói, Villeneuve preferiu investir mais nas visões e sonhos de Paul, que representam o motor do texto literário de Duna, do que em cenas de ação e descrições de eventos – evitando, assim, o ritmo desajeitado e os excessos dramáticos e narrativos da malfadada versão dirigida em 1984 por David Lynch e estrelada por Kyle MacLachlan e Sting. A adaptação que chega agora aos cinemas não conta toda a história do livro de Frank Herbert, apresentando-se como uma primeira parte – a continuação já está em pré-produção, mas ainda depende do aval do estúdio para sua rodagem.

O resultado é um espetáculo audiovisual esteticamente requintado e envolvente, em que ganham relevo a fotografia de Greig Fraser, cujas cores se alternam entre tons quentes e sombrios, e a trilha sonora repleta de referências étnicas e marciais de Hans Zimmer. Respeitoso à fonte originária, Denis Villeneuve oferece uma visão de Duna intrigante e fascinante, ainda que inevitavelmente aquém das possibilidades sugeridas pelo romance.

Warner/Divulgação

Duna: * * * *  

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Duna:

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