Sete documentários imperdíveis do É Tudo Verdade 2021
Começa nesta quinta-feira (8/4) a 26ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, que será realizada até o dia 18 de abril. Por conta da pandemia, o festival neste ano será online e gratuito, com acesso da programação para todo o território nacional.
Considerado um dos mais importantes eventos dedicados ao documentário no mundo, o É Tudo Verdade 2021 conta com 69 títulos de 23 países. A programação em streaming de filmes, master classes e debates estará distribuída pelas plataformas É Tudo Verdade/Looke, Sesc em Casa e Spcine Play, no site do Itaú Cultural, no canal do YouTube do SESC 24 de Maio, no site do É Tudo Verdade e na televisão pelo Canal Brasil.
Os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas competições brasileiras e internacionais de longas/médias-metragens e de curtas-metragens estarão automaticamente classificados para apreciação à disputa pelo Oscar do ano que vem. A cerimônia de premiação será realizada às 17h em 18 de abril, no YouTube do É Tudo Verdade.
Mais 13 documentários para ver no É Tudo Verdade
“Colectiv” ganha exibição especial na 26ª edição do É Tudo Verdade
Selecionamos alguns títulos imperdíveis desta edição do É Tudo Verdade. Confira:
Fuga (Flee)
Direção: Jonas Poher Rasmussen
Dinamarca/França/Suécia/Noruega
Aclamada por público e crítica, a animação Fuga (2021) levou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Sundance deste ano. O longa será o filme de abertura do festival É Tudo Verdade. Amin Nawabi – pseudônimo do personagem principal – é um intelectual altamente graduado de 36 anos que luta com um segredo doloroso que manteve escondido por 20 anos e que ameaça desestabilizar a vida que construiu para si e para o futuro marido. Recontada pelo diretor Jonas Poher Rasmussen, seu amigo próximo, a história extraordinária da viagem feita por Amin na infância, como refugiado afegão, vem à luz pela primeira vez. História de autodescoberta, o desenho animado mostra que só quem confronta o passado pode criar um futuro – e só quem para de fugir de si mesmo descobre o verdadeiro significado de ter um lar.
Glória à Rainha (Glory to the Queen)
Direção: Tatia Skhirtladze
Áustria/Geórgia/Sérvia
A série O Gambito da Rainha lançou luz na cultura pop contemporânea para a presença das mulheres no mundo majoritariamente masculino do xadrez. Durante a Guerra Fria, quatro enxadristas lendárias da Geórgia revolucionaram o xadrez feminino no mundo inteiro: Nona Gaprindashvili, Nana Alexandria, Maia Chiburdanidze e Nana Ioseliani tornaram-se símbolos soviéticos da emancipação feminina. O filme explora a biografia entrecruzada das quatro mulheres, revisita seu legado e lança um olhar à vida que levam hoje. Materiais raros de arquivos soviéticos expandem a narrativa, revelando um lado curioso da propaganda comunista, que explorava a autêntica paixão popular em várias repúblicas da antiga URSS e países do Leste Europeu pelo xadrez – cujas partidas eram acompanhadas por multidões como se fossem jogos de futebol.
Eu e o Líder da Seita (Aganai / Me and the Cult Leader – A Modern Report on the Banality of Evil)
Direção: Atsushi Sakahara
Japão
Em 1995, a seita apocalíptica Aum Shinrikyo, de Tóquio, cometeu o maior ato terrorista da história do Japão, matando 13 pessoas e ferindo 6 mil em um ataque com gás sarin em três trens de metrô lotados da cidade. Atsushi Sakahara estava em um dos trens e sofreu danos permanentes em seu sistema nervoso por causa do ataque. Vinte anos depois, ele resolveu confrontar a seita. Depois de um ano negociando os termos do encontro, o diretor viaja com Araki, atual líder do grupo, e os dois têm uma longa conversa sobre liberdade religiosa, terrorismo, o dano causado pela Aum e a chance de confrontar os fantasmas do passado.
Sob Total Controle (Totally Under Control)
Direção: Alex Gibney, Ophelia Harutyunyan e Suzanne Hillinger
EUA
Um exame aprofundado da forma como o governo Trump respondeu ao surto da Covid-19 nos primeiros meses da pandemia – também os últimos antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, em outubro de 2020. Uma investigação a quente de uma história que ainda está sendo escrita: no arco de tempo coberto pelo filme, 7 milhões de americanos haviam contraído o vírus. Desde então, o número de infecções no país subiu para 29 milhões. Interessante notar os paralelos entre erros, negligências e mentiras em relação à pandemia na gestão do presidente norte-americano com ações e declarações sobre o tema no governo do presidente brasileiro Bolsonaro.
Máquina do Desejo – Os 60 Anos do Teatro Oficina
Direção: Lucas Weglinski e Joaquim Castro
Brasil
Em seis décadas, o Teatro Oficina fez mais do que revolucionar a linguagem teatral no país: a influência estética da companhia de José Celso Martinez Corrêa estende-se do tropicalismo à renovação das linguagens audiovisuais brasileiras a partir dos anos 1960. O filme revisita uma história que envolve personalidades como Caetano Veloso, Glauber Rocha, Lina Bo Bardi, Chico Buarque e Zé do Caixão, aproxima arte cênica, ecologia, arquitetura e sexualidade, misturando arte e vida. O longa, que tem estreia mundial no festival, reúne depoimentos em áudio de artistas de diferentes gerações ilustrados por preciosas e variadas cenas de filmes de arquivo.
Mil Cortes (A Thousand Cuts)
Direção: Ramona S. Diaz
EUA
Não há nenhum outro cenário em que a erosão mundial da democracia, turbinada pelas mídias sociais e por campanhas de desinformação, nem mesmo no Brasil, seja mais dolorosamente evidente que no regime autoritário do presidente filipino Rodrigo Duterte. A jornalista Maria Ressa, que foi uma importante repórter investigativa da CNN no sudeste asiático, coloca as ferramentas da imprensa livre – e sua própria liberdade – em risco para defender a verdade e a democracia. O filme acompanha a corajosa Maria enquanto o Rappler, site noticioso que ela criou, é ameaçado pelo governo por cobrir a guerra às drogas. É aterrorizante ver como o regime populista de direita de Duterte despreza os direitos humanos e a liberdade de imprensa e expressão em seu país – e reconhecer que os métodos criminosos de sua orquestrada campanha de fake news e difamação encontram ressonância também em seu colega brasileiro Bolsonaro.
Dois Tempos
Direção: Pablo Francischelli
Brasil
Trinta e cinco anos depois do primeiro encontro que mudaria a vida de ambos, o violonista argentino Lucio Yanel e seu pupilo brasileiro Yamandu Costa se reencontram para refazer em uma viagem os caminhos que levaram o músico hermano originalmente ao interior do Rio Grande do Sul. A bordo de um motorhome, com seus violões e suas memórias, mestre e discípulo cruzam a fronteira do Brasil em direção a Corrientes, terra natal do argentino, refletindo sobre as transformações trazidas pela inexorável passagem do tempo.