Misturando referências de cinema, quadrinhos e televisão ocidentais e orientais, Trem-Bala (2022) estreia nos cinemas nesta quinta-feira (4/8). A comédia de ação frenética protagonizada pelo astro Brad Pitt bate no liquidificador Quentin Tarantino e mangá, Guy Ritchie e anime, yakuza e máfia russa, katana e pistola – o suco produzido por essa receita eclética, no entanto, é insosso.
Adaptação do livro homônimo do escritor japonês Kotaro Isaka – publicado no Brasil pela editora Intrínseca –, Trem-Bala é dirigido por David Leitch, ex-dublê que substituiu Pitt em cenas de ação de filmes como Clube da Luta (1999) e Tróia (2004). Como realizador, Leitch especializou-se em Hollywood em produções do gênero, assinando títulos como Atômica (2017), Deadpool 2 (2018) e Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (2019).
Em Trem-Bala, Bitt interpreta no filme um assassino profissional de má sorte, que recebe o codinome de Joaninha em uma missão que ele pretende realizar de forma pacífica e tranquila. Mas coletar uma maleta de um trem-bala entre Tóquio e Kyoto não vai ser moleza para o azarado matador: a bordo estão ainda um punhado de outros assassinos, todos com objetivos conectados, mas conflitantes.
Espalhados pelos vagões do rapidíssimo Shinkansen, estão também a dupla falastrona de pistoleiros Tangerina (Aaron Taylor-Johnson) e Limão (Brian Tyree Henry), uma garota fatal apelidada Príncipe (Joey King), o mafioso japonês Kimura (Andrew Koji), o sicário mexicano Lobo (Bad Bunny) e a viperina assassina Vespa (Zazie Beetz). O elenco inclui ainda Michael Shannon, Sandra Bullock e Hiroyuki Sanada.
O filme aposta na paródia divertida em uma vertiginosa miscelânea de citações que cruzam produtos do mundo pop do Ocidente e do Oriente. Leitch tenta emular a combinação de violência gráfica e verborragia humorada dos filmes de Tarantino e de seu diluidor Ritchie – Trem-Bala, porém, não consegue ir além do pastiche barulhento.
Apesar das competentes atuações do elenco – especialmente de Pitt e Taylor-Johnson – e de algumas boas sequências de brigas dentro do comboio, a história sucumbe ao excesso de diálogos pretensamente engraçadinhos e descolados, cuja reiteração torna-os apenas aborrecidos e dispensáveis.
Exemplo dessa insistência em evocar a indústria cultural mais banal é a constante alusão ao desenho animado infantil sobre locomotivas Thomas e Seus Amigos, a partir do qual Limão avalia o caráter de todos os personagens da trama – a tentativa de soar contemporâneo e inusitadamente nerd, entretanto, é apenas tola e irritante. No final das contas, a viagem é perdida: em sua busca estridente e afoita pela aura cult, Trem-Bala descarrilha no meio do caminho.
Trem-Bala: * *
COTAÇÕES
* * * * * ótimo * * * * muito bom * * * bom * * regular * ruim
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