Um homem de 30 anos retorna do exterior apĂłs uma estadia frustrada para retomar seu antigo trabalho e as amizades – mas o tempo nĂŁo parou e agora “o passado Ă© uma roupa que nĂŁo lhe cabe mais”, como diz a mĂşsica de Belchior. Esse Ă© o enredo de Velha Roupa Colorida, longa do cineasta paulista Gabriel Alvim que tem estreia nacional nesta quinta-feira (27/5), com transmissĂŁo gratuita pela plataforma de streaming da distribuidora Filme Filme. O filme ficará disponĂvel por trĂŞs meses na plataforma.
Além de diretor e roteirista, Alvim descobriu sua paixão pelo teatro durante a faculdade de direito e decidiu fazer esse filme após uma passagem pela renomada Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo, na Suécia, que lhe concedeu uma bolsa para rodar seu terceiro curta-metragem todo em inglês. Apropriando-se da estética mumblecore – movimento jovem de cinema independente dos Estados Unidos, com cenas improvisadas e tramas próximas da vida cotidiana –, reuniu um time de atores que assumiu o risco abrir mão da segurança do texto. O diretor aposta na ênfase aos personagens, na ambivalência de seus sentimentos e no caráter movediço das relações humanas.
No elenco estĂŁo atores conhecidos da televisĂŁo como Louise D’Tuani, Adriano Toloza e KauĂŞ Telloli, alĂ©m de artistas que transitam pelo teatro e cinema como Fabio Penna, Pedro Lopes, Carol Melgaço, Fernanda Stefanski, Marcelo Lazzaratto, Andradina Azevedo e Dida Andrade – estes dois Ăşltimos tambĂ©m realizadores, já tendo dirigido juntos os premiados longas A Bruta Flor do Querer (2013) e 30 Anos Blues (2019). A produção conta ainda com as participações especiais de performances de Sue Nhamandu e Marco Biglia.
O filme foca na passagem para a vida adulta e toca em temas como frustração profissional, envelhecimento, recomeços e amizade. O protagonista Rached está em busca de um tempo perdido e, ao tentar reunir sua antiga turma, encontra todos vivendo Ă sombra de suas prĂłprias angĂşstias: Jucá leva a vida que o pai planejou para ele; DigĂŁo sofre de depressĂŁo e foi excluĂdo do grupo; Caco finge ser um pai de famĂlia enquanto abusa de drogas e trai a esposa; Raul banca o idealista, mas nĂŁo consegue abandonar velhos hábitos machistas. Apenas Carol conseguiu evoluir e segue atrás dos seus sonhos.
A trilha sonora é composta por jovens bandas de rock brasileiras – Agoristas, Rios Voadores, Fernando Freitas, Sara Não Tem Nome, Carne Doce e Caio Falcão e o Bando –, que atuam como um coro grego, comentando as passagens da trama para o espectador. Velha Roupa Colorida é o primeiro longa de Gabriel Alvim, que já escreveu e dirigiu três curtas-metragens premiados com carreira internacional e licenciados para a televisão.
Atualmente, o realizador trabalha na finalização do seu segundo longa, dentro do mesmo gĂŞnero de drama/mumblecore, chamado SolidĂŁo, que Nada, e no desenvolvimento de uma sĂ©rie de drama rural chamada Se For Comprar um Cavalo, Vá a Cavalo. “Para a sĂ©rie estamos conversando com produtoras nacionais de peso para retratar esse Brasil profundo do Centro-Oeste, do mĂstico cerrado e seus quilombos… É a regiĂŁo que abriga o maior rebanho de bovinos do paĂs. SĂŁo histĂłrias, folclores e causos riquĂssimos que interessam o pĂşblico e permanecem inexplorados”, aposta Alvim.
Mesmo ficando aquĂ©m da poesia melancĂłlica e do existencialismo amoroso do cinema do norte-americano John Cassavetes, Velha Roupa Colorida ecoa inequivocamente os filmes do realizador de Sombras (1959), Faces (1968) e Os Maridos (1971), com seus jovens personagens Ă deriva na grande cidade procurando um porto seguro para atracar seus afetos erráticos e suas vidas sem rumo – referĂŞncia explĂcita tambĂ©m nos dois longas realizados pela dupla de atores-diretores Andradina e Dida.
Velha Roupa Colorida: * * *
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