Artigos | Marcelo Carneiro da Cunha

Ozark e o mal que está por aí

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Ozark e o mal que está por aí Netflix/Divulgação

A quarta temporada de Ozark entrou na Netflix e foi papum, já era. Ao menos aqui em casa. Ozark é daquelas coisas que a gente vê sabendo que estão batendo a nossa carteira. A série é boa, é legal, mas ela testa os limites do que a gente sabe que é roteiro – aquelas coisas que acontecem porque alguém assim escreveu, e não porque poderia ou deveria acontecer.

Esse climazinho de realidade desejada, um tipo de realidade aumentada, permeia Ozark, sem tirar a sensação de que se gruda no sofá e não sai, ou dificilmente sai. Ozark ain’t no the Sopranos, mas é boa.

De interessante em particular, temos a região de Ozark, uma vasta área que foi coberta por lagos em 1929, no meio oeste americano em expansão, onde se criou uma hidrelétrica para resolver ao mesmo tempo o problema de falta de energia e de falta de lazer para muita gente que vive ali, no meio do continente, longe demais do oceano mais próximo.

Basicamente, pra quem viu as três primeiras temporadas, a gente tem um cara legal, Marty Byrde, com sua família relativamente normal, levado por um sócio picareta a se meter com um cartel mexicano, coisa que dificilmente acaba com todas as cabeças sobre os ombros, lugar natural delas. A máfia é má, mas os carteis são astecas, e esses caras entendiam alguma coisa de maldade, isso entendiam. Apenas na cidade do México, quando Cortez apareceu lá, 20 mil sacrifícios humanos aconteciam por ano. Sim, estimados amigos. Dividam isso por 365 pra ver o que dá (li isso no Armas, Germes e Aço – Os Destinos das Sociedades Humanas, do Jared Diamond, reclamem com ele).

Marty pula de bloco de gelo em bloco de gelo, tentando atravessar até o lado da história em que ele e família saem vivos, e ricos, disso tudo. No caminho, tudo se torna mais e mais nebuloso, com o FBI, cartéis, a máfia, que sempre está por aí, e uma família da pesada local, caipiras, mas muito bem armados. Quais são as chances de Marty sair dessa, os amigos se perguntam?

A temporada não termina, ela vem em duas partes e tivemos apenas a primeira, suficiente para, sem presentear os leitores com spoilers, podermos dizer que a produção vai economizar MUITO em salários e alimentação para atores na parte final. Nos velhos tempos, Hollywood nos assegurava que o mal jamais podia vencer e o crime sempre era punido. Isso mudou, claro, mas não sabemos se o suficiente para Marty se safar.

Eu vi e vou ver, e se fosse vocês, eu veria.

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