Ativista alemã Carola Rackete lança livro sobre crise climática e humanitária
Em junho de 2019, quando comandava o navio de salvamento humanitário Sea-Watch 3, Carola Rackete decidiu ignorar a proibição do governo italiano e levar 40 pessoas resgatadas do mar Mediterrâneo ao porto seguro de Lampedusa.
A ousadia de colocar a vida de seres humanos em primeiro lugar, desafiando a política migratória do país, levou a ativista a ser detida assim que desembarcou.
Após o nome de Carola Rackete ocupar as manchetes internacionais com uma história carregada de simbolismo e complexidade política, seu livro É Hora de Agir chega ao Brasil, publicado pela Arquipélago Editorial, com apresentação da jornalista Eliane Brum.
A obra tem lançamento previsto para o dia 3 de dezembro e já está em pré-venda no site da Arquipélago.
Impedida de atracar no porto de Lampedusa e enfrentando condições críticas com os passageiros, que sofriam de traumas físicos e emocionais pelo longo e precário processo de migração informal, Carola Rackete tentou por duas semanas viabilizar soluções junto a autoridades europeias.
O tempo corria, as condições pioravam, e a capitã só viu uma alternativa: burlar o bloqueio italiano para garantir que os refugiados desembarcassem em um porto seguro. Carola tornou-se um exemplo e uma inspiração para aqueles que, como ela, cansaram de esperar.
Com prefácio da ambientalista do Chade Hindou Oumarou Ibrahim, o livro vai muito além de um simples relato da história que instigou o mundo, fazendo associações entre a questão dos refugiados, a catástrofe ambiental e uma crise de justiça internacional.
A narrativa alterna passagens em primeira pessoa sobre as expedições da ativista no Ártico e na Antártida e as missões humanitárias no Mar Mediterrâneo, com trechos informativos ricos em dados e projeções sobre a degradação climática e a maneira como as autoridades e a sociedade civil estão assimilando e lidando com a situação.
Consciente de abordar uma temática dura e angustiante, Carola Rackete conduz o leitor pelas páginas propondo um encontro realista com o cenário que se apresenta, mas reforçando as estratégias de ação para mudá-lo. Para a autora, é necessário olhar para o fato de que talvez sejamos a última geração com condições de reverter a crise climática global, e transformar o mal-estar dessa constatação em potência de ação política.
Os lucros obtidos com a venda da obra em todo o mundo serão doados para a Associação borderline-europe, que luta pelos direitos dos refugiados.